criatividade na educação maker

Criatividade na Educação: O Exercício da Criatividade no Século XXI

Mudar a forma como olhamos para o mundo e agimos nele é uma demanda urgente.

Ela se encontra em pauta nas reuniões de cúpula, em movimentos sociais, em documentos como a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), especificamente no Brasil. A BNCC surge como forma de repensar a educação para que ela fique mais próxima dessas transformações sociais, formando o sujeito de modo integral e preparando estudantes para desafios futuros que estão além da escolarização.

Repensar os modelos atuais para ensinar indivíduos a lidar com um mundo em transformação não é apenas uma preocupação brasileira. O processo de repensar a educação tradicional é um movimento global e, dentro das competências e habilidades a serem desenvolvidas, a criatividade é uma das que mais tem chamado a atenção nos últimos anos, principalmente quando falamos em educação no Brasil.

Dentre as competências gerais da BNCC, alguns tópicos, como o Pensamento Científico, Crítico e Criativo e Trabalho e Projeto de Vida, que podem ser vistos na organização que o Porvir realizou, evidenciam que a educação brasileira está disposta a tomar rumos menos tradicionais valorizando a diversidade de saberes e vivências culturais, propondo a reflexão sobre o diferente, a análise crítica, a imaginação e a criatividade para formar indivíduos preparados para um mundo VUCA (acrônimo das palavras em inglês volatility, uncertainty, complexity e ambiguity), traduzido em português como um mundo “VICA” volátil, incerto, complexo e ambíguo.

Tendo em vista essas e outras novas demandas da vida em sociedade, tornou-se necessário voltar a atenção para questões que, apesar de já serem discutidas há algum tempo, nunca estiveram em uma posição de tanto destaque quanto agora. Entre elas, encontramos tópicos como a relação do indivíduo com o mundo, a educação integral que valoriza também as habilidades socioemocionais e a criatividade, temática na qual daremos enfoque nesse texto.

Como funciona a criatividade?

Criatividade não é sobre genialidade. Criatividade é sobre o contato com o diferente, usar caminhos incomuns, trabalhar em pares, ter um ambiente propício.

Fayga Ostrower, em seu livro Criatividade e Processos de Criação, desmistifica uma das maiores barreiras sobre a criatividade: a artista e autora tira o caráter puramente inconsciente, como se esta fosse uma inspiração súbita e inseparável da genialidade e entende a criatividade como o potencial humano, um exercício da liberdade imaginativa, mas também um reflexo do nosso contato com o que é externo a nós.

Corroborando com a tese de Ostrower na qual, para a autora, a criatividade é não só uma condição e exploração humana, mas um exercício social, David Eagleman, no documentário que estrela produzido pela Netflix Como o Cérebro Cria, tenta destrinchar a criatividade e a forma como ela acontece no cérebro. Partindo da pergunta “como o cérebro cria?”, Eagleman entrevista diferentes pessoas para entender diferentes tipos de processos criativos e percebe que combinar diferentes estímulos sem ser levado por respostas automáticas, ter contato com o pouco usual, criar repertório e estar aberto a críticas com diferentes experiências e olhares são formas de potencializar a criatividade e é não só o que nos ajuda a criar, mas também a sistematizar esses conteúdos aos quais fomos sensibilizados e abre o leque de caminhos pelo qual o indivíduo pode trilhar.

No livro Aqui Dentro encontramos, de forma simples, quais são as fases do ato criativo. São elas:

  • a preparação, onde o período de estudo e trabalho acontece de forma consciente;
  • a incubação, quando o período de trabalho é inconsciente e todo o estudo é decantado;
  • a inspiração, que acontece quando a incubação é bem sucedida, surgindo uma solução para o proposto inicial; e
  • a concretização, quando a inspiração é verificada e colocada em prática.

Essas quatro fases da criatividade conversam diretamente com os 4 princípios da aprendizagem criativa, uma abordagem que defende o aprendizado a partir um processo exploratório. Dessa forma, a aprendizagem criativa se mostra uma alternativa potenciadora para o exercício e desenvolvimento da criatividade na educação. Em especial, trabalhar em projetos por meio de parceria pode ser o diferencial dentro do processo criativo no ambiente escolar.

Criatividade aplicada à educação

O potencial criativo existe em todas as áreas do conhecimento e, além disso, a criatividade vem acompanhada por sentimentos de satisfação, inclusão em um grupo, bem estar emocional e saúde mental.

Sendo a criatividade uma forma de sistematizar conhecimentos e compreendê-los, exercitá-la é uma forma de aprender, construir laços e conhecer mais de si e do próprio processo de aprendizagem.

A sociedade contemporânea tem como desafio sua complexidade, mutabilidade e incerteza e é necessário saber adaptar-se, e essa flexibilidade é uma das características da criatividade na educação. Quando se tem contato com o outro tendemos a ter mais tolerância à ambiguidades e a aceitar desafios cada vez mais complexos.

O ensino tradicional brasileiro hoje ainda não se descobriu um campo fértil para o desenvolvimento da criatividade em toda sua capacidade, e isso pode minar parte fundamental da expressão do indivíduo. O ensino baseado em um conteúdo fechado não auxilia os estudantes a descobrirem as respostas por si e explorarem diferentes nuances do mesmo conteúdo, conseguindo olhar para ele por diferentes ângulos.

O apoio dos pares é fundamental para um ensino mais plural e diverso e expressar-se é também uma forma de ensinar autonomia.

Como a Little Maker trabalha a criatividade na educação?

Todos podem ser criativos. A criatividade é um hábito e, ao ser incentivada e valorizada, faz com que as crianças aprendam essa cultura desde pequenos e se tornem adultos confiantes, autossuficientes e capazes de criar no mundo a sua volta.

A Little Maker tem como objetivo sempre oferecer um chão baixo, para que todos possam começar a criar e aprender, sem serem impedidos de criar por não terem determinado conhecimento, falta de habilidade, domínio de uma técnica ou falta de ferramentas e possibilidades; um teto alto, para que todos tenham a possibilidade de crescer em seus projetos e se sentirem desafiados, e também não se sintam desinteressados quando superarem o nível de complexibilidade do que construíram; e paredes largas para que as possibilidades sejam amplas o suficiente para desenvolver a criatividade e curiosidade de cada indivíduo, seguindo, dessa forma inúmero caminhos diferentes, de acordo com os interesses de cada um.

Usamos de oficinas que incentivam os estudantes a desenvolver a criatividade, ajudando a formar pessoas cujas habilidades de inovar e empreender novos desafios sejam inerentes a sua curiosidade em todas as esferas da vida.

A criatividade é fazer escolhas onde os caminhos, ao invés de afinarem, se expandem em novas possibilidades e mostram que um mundo inteiro é possível. Conheça mais sobre nossa metodologia.

Saiba como ter uma Little Maker na sua escola.

Bibliografia

OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. 31º Edição. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1977.
ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de. Criatividade no contexto educacional: Três décadas de pesquisa. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, vol 23, pp. 045 – 049, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v23nspe/07.pdf
MINHÓS, Isabel; PEDROSA, Maria; MATOSO, Madalena. Aqui Dentro. São Paulo: Editora SESI, 2018.
Como o Cérebro Cria. Direção por Jennifer Beamish e Toby Trackman, roteiro por David Eagleman. Estados Unidos da América: Netflix, 2019. Acesso em 04 de fevereiro de 2020.
BAHIA, Sara; NOGUEIRA, Sara Ibérico. Entre a Teoria e a prática da Criatividade. In: VEIGA, Feliciano H. (org). Psicologia da Educação. Lisboa: Climpesi Editores, 2013. Disponível em https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/2721/1/entre-a-teoria-e-a-prática.pdf

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