Acompanhamento Processual
O acompanhamento processual possui a função de identificar os principais pontos de exploração que cada aluno tem desenvolvido dentro das oficinas, já que os caminhos são plurais e possibilitam a complexificação conforme seus pontos de interesse. Esse processo se torna fundamental para entendermos e mapearmos a trajetória do Maker, servindo como plano de ação para que o professor consiga estimular e/ou aproximar pontos que não vêm sendo explorados, tentando vincular isso à zona de interesse do aluno.
Portanto, mapeamos a relação das crianças a partir de quatro grandes perspectivas: da relação direta da criança com o projeto – “o Meu”; do modo de lidar consigo e suas questões socioemocionais – “o Eu”; dos contatos interpessoais estabelecidos na oficina – “o Outro”; e por fim, a mobilização de repertório, diversidade cultural e relações que levam em conta o espaço fora da oficina – “o Mundo”.
Através dessas quatros perspectivas, apresentamos componentes de observação que auxiliam na sensibilização do olhar do professor para os aprendizados que ocorrem ao longo da concepção do projeto, tirando o foco do projeto enquanto produto final e valorizando as superações, relações, conhecimentos e experiências adquiridas ao longo de todo processo.
Desse modo, potencializamos os itens elencados dentro do acompanhamento processual ao estabelecer uma conexão profunda com as 10 competências gerais da BNCC.
As competências aparecem na BNCC como:
A mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. (BNCC, 2017 p.08)
Isso deixa claro que as habilidades, os conhecimentos, atitudes e valores aparecem de forma conjunta dentro das competências, enxergando a educação como agente da formação integral do indivíduo.
Segue abaixo a compilação realizada por Anna Penido das 10 Competências Gerais presentes na BNCC, na qual indicamos de que modo elas se fazem presentes em nossa dinâmica de metodologia:
1. Conhecimento: valorizar e utilizar os conhecimentos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar com a sociedade.
Na Little Maker: o conhecimento é construído e mobilizado na prática, promovendo a autonomia no aprendizado e o senso de responsabilidade de ser um agente de mudança em sua comunidade, ao mesmo tempo em que desperta a curiosidade e estimula a busca de novos saberes, valorizando-os e utilizando-os para melhor entender e explicar o mundo.
2. Pensamento Científico, Crítico e Criativo: exercitar a curiosidade intelectual e utilizar as ciências com criticidade e criatividade para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções.
Na Little Maker: os projetos surgem em meio às curiosidades sobre o espaço apresentado, formulando e fundamentando hipóteses que darão subsídio às criações, partindo da experimentação e das demandas do processo criativo autoral para encontrar soluções, potencializando, assim, o pensamento científico, crítico e criativo em todo o processo.
3. Repertório Cultural: valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais para fruir e participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
Na Little Maker: os micromundos apresentados trazem a valorização cultural, respeitando e levando em conta as diversidades socioculturais, temporais, raciais e regionais. Além disso, durante as construções há a mobilização do repertório cultural dos alunos, além da participação em práticas diversificadas da produção artístico-cultural, que se utilizam de diversas mídias e materialidades e valorizam as escolhas e perspectivas de cada sujeito.
4. Comunicação: utilizar diferentes linguagens para expressar-se e partilhar informações, experiências, ideias, sentimentos e produzir sentidos que levem ao sentimento mútuo.
Na Little Maker: os alunos exploram diversas linguagens em nosso processo, utilizando desde a comunicação de ideias através da oralidade e da representação gráfica, até a realização do projeto e dos próprios registros de vídeo, áudio e fotos, de forma a apresentar o que foi construído, os erros e soluções encontradas, e compartilhar suas experiências e conquistas individuais e coletivas.
5. Cultura Digital: compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de forma crítica, significativa e ética para comunicar-se, acessar e produzir informações e conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria.
Na Little Maker: a cultura digital aparece integrada ao processo, trazendo a tecnologia enquanto ferramenta para criação e comunicação de suas ideias, assim, eles não só comunicam, mas acessam e produzem conhecimentos a partir dela, promovendo a apropriação e construção de uma relação ativa com cultura digital, a partir da exploração subjetiva em prol do projeto autoral.
6. Trabalho e projeto de vida: valorizar e apropriar-se de conhecimentos e experiências para entender o mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas à cidadania e ao seu projeto de vida com liberdade, autonomia e responsabilidade.
Na Little Maker: os projetos autorais oferecem experiências e vivências de forma significativa, permitindo que o aluno, através do contato com diversos materiais, ferramentas, sociedades e ambientes, conheça suas preferências e as explore. Assim, os micromundos ajudam a pensar o mundo do trabalho, instigando o aluno enquanto agente de transformação social, cultural, tecnológico e econômico.
7. Argumentação: argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns, com base em direitos humanos, consciência socioambiental, consumo responsável e ética.
Na Little Maker: o processo de negociação e argumentação é contínuo no desenvolvimento de projetos em equipe e colaborações inter-equipes, estimulando o acordo de ideias, o ato de ouvir o outro em prol de decisões para o bem comum, a valorização do respeito a si e ao outro e a mobilização de conhecimentos consolidados para embasar suas opiniões e soluções.
8. Autoconhecimento e autocuidado: conhecer-se, compreender-se na diversidade humana e apreciar-se para cuidar de sua saúde física e emocional, reconhecendo suas emoções e as dos outros com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
Na Little Maker: os projetos autorais e escolhas de aprendizagem valorizam o autoconhecimento, pois partem das experiências com os projetos, diferentes materiais, ferramentas e modos de vida para identificar os próprios pontos de interesse. Neste processo, há também, um profundo lidar com suas emoções, conflitos e relações, apoiando os demais colegas neste processo, além de promover o prazer em suas conquistas e suas criações.
9. Empatia e cooperação: exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação para fazer-se respeitar e promover o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade, sem preconceitos de qualquer natureza.
Na Little Maker: valorizamos o senso de comunidade e cooperação, enfatizando a responsabilidade individual em relação ao coletivo, potencializando o aprendizado através dos pares e a responsabilidade em cima deste conhecimento. Já a empatia é um exercício contínuo no processo de criação e solução de problemas baseados na perspectiva do outro, além de trazer nos micromundos essa sensibilização do olhar, levando em consideração e refletindo sobre uma diversidade de ambientes, sociedades e modos de vida.
10. Responsabilidade e cidadania: agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação para tomar decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Na Little Maker: partimos das demandas do ambiente e sociedade para pensar nossas criações, pautados nos princípios e valores da autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, trazendo-os enquanto atitudes que os Maker devem exercitar nas oficinas. Assim, o espaço de criação transforma-se em uma grande comunidade, no qual neste movimento entre o individual e o coletivo os alunos são estimulados a pensar e vivenciar os princípios éticos, inclusivos, sustentáveis e solidários, ao mesmo tempo em que são conectados e incentivados a realizarem essas ações em seus cotidianos.
A partir das competências apresentadas, vinculamos os componentes observados nas categorias: Meu, Eu, Outro e Mundo, para conversão em índices que visam estimular e identificar a mobilização de cada uma destas competências. Assim, as competências aparecem e são trabalhadas de forma diluída nas etapas do ciclo de projeto, pois são inerentes ao processo de criação e aprendizado como desenvolvemos.
Cada um de nossos cursos possuem componentes diferentes a serem observados, levando em conta as peculiaridades dos processos, habilidades e faixa etária dos alunos. Para identificar quais são os componentes deste programa vide “Componentes de Observação”.