criatividade na educação maker

Criatividade na Educação: O Exercício da Criatividade no Século XXI

Mudar a forma como olhamos para o mundo e agimos nele é uma demanda urgente.

Ela se encontra em pauta nas reuniões de cúpula, em movimentos sociais, em documentos como a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), especificamente no Brasil. A BNCC surge como forma de repensar a educação para que ela fique mais próxima dessas transformações sociais, formando o sujeito de modo integral e preparando estudantes para desafios futuros que estão além da escolarização.

Repensar os modelos atuais para ensinar indivíduos a lidar com um mundo em transformação não é apenas uma preocupação brasileira. O processo de repensar a educação tradicional é um movimento global e, dentro das competências e habilidades a serem desenvolvidas, a criatividade é uma das que mais tem chamado a atenção nos últimos anos, principalmente quando falamos em educação no Brasil.

Dentre as competências gerais da BNCC, alguns tópicos, como o Pensamento Científico, Crítico e Criativo e Trabalho e Projeto de Vida, que podem ser vistos na organização que o Porvir realizou, evidenciam que a educação brasileira está disposta a tomar rumos menos tradicionais valorizando a diversidade de saberes e vivências culturais, propondo a reflexão sobre o diferente, a análise crítica, a imaginação e a criatividade para formar indivíduos preparados para um mundo VUCA (acrônimo das palavras em inglês volatility, uncertainty, complexity e ambiguity), traduzido em português como um mundo “VICA” volátil, incerto, complexo e ambíguo.

Tendo em vista essas e outras novas demandas da vida em sociedade, tornou-se necessário voltar a atenção para questões que, apesar de já serem discutidas há algum tempo, nunca estiveram em uma posição de tanto destaque quanto agora. Entre elas, encontramos tópicos como a relação do indivíduo com o mundo, a educação integral que valoriza também as habilidades socioemocionais e a criatividade, temática na qual daremos enfoque nesse texto.

Como funciona a criatividade?

Criatividade não é sobre genialidade. Criatividade é sobre o contato com o diferente, usar caminhos incomuns, trabalhar em pares, ter um ambiente propício.

Fayga Ostrower, em seu livro Criatividade e Processos de Criação, desmistifica uma das maiores barreiras sobre a criatividade: a artista e autora tira o caráter puramente inconsciente, como se esta fosse uma inspiração súbita e inseparável da genialidade e entende a criatividade como o potencial humano, um exercício da liberdade imaginativa, mas também um reflexo do nosso contato com o que é externo a nós.

Corroborando com a tese de Ostrower na qual, para a autora, a criatividade é não só uma condição e exploração humana, mas um exercício social, David Eagleman, no documentário que estrela produzido pela Netflix Como o Cérebro Cria, tenta destrinchar a criatividade e a forma como ela acontece no cérebro. Partindo da pergunta “como o cérebro cria?”, Eagleman entrevista diferentes pessoas para entender diferentes tipos de processos criativos e percebe que combinar diferentes estímulos sem ser levado por respostas automáticas, ter contato com o pouco usual, criar repertório e estar aberto a críticas com diferentes experiências e olhares são formas de potencializar a criatividade e é não só o que nos ajuda a criar, mas também a sistematizar esses conteúdos aos quais fomos sensibilizados e abre o leque de caminhos pelo qual o indivíduo pode trilhar.

No livro Aqui Dentro encontramos, de forma simples, quais são as fases do ato criativo. São elas:

  • a preparação, onde o período de estudo e trabalho acontece de forma consciente;
  • a incubação, quando o período de trabalho é inconsciente e todo o estudo é decantado;
  • a inspiração, que acontece quando a incubação é bem sucedida, surgindo uma solução para o proposto inicial; e
  • a concretização, quando a inspiração é verificada e colocada em prática.

Essas quatro fases da criatividade conversam diretamente com os 4 princípios da aprendizagem criativa, uma abordagem que defende o aprendizado a partir um processo exploratório. Dessa forma, a aprendizagem criativa se mostra uma alternativa potenciadora para o exercício e desenvolvimento da criatividade na educação. Em especial, trabalhar em projetos por meio de parceria pode ser o diferencial dentro do processo criativo no ambiente escolar.

Criatividade aplicada à educação

O potencial criativo existe em todas as áreas do conhecimento e, além disso, a criatividade vem acompanhada por sentimentos de satisfação, inclusão em um grupo, bem estar emocional e saúde mental.

Sendo a criatividade uma forma de sistematizar conhecimentos e compreendê-los, exercitá-la é uma forma de aprender, construir laços e conhecer mais de si e do próprio processo de aprendizagem.

A sociedade contemporânea tem como desafio sua complexidade, mutabilidade e incerteza e é necessário saber adaptar-se, e essa flexibilidade é uma das características da criatividade na educação. Quando se tem contato com o outro tendemos a ter mais tolerância à ambiguidades e a aceitar desafios cada vez mais complexos.

O ensino tradicional brasileiro hoje ainda não se descobriu um campo fértil para o desenvolvimento da criatividade em toda sua capacidade, e isso pode minar parte fundamental da expressão do indivíduo. O ensino baseado em um conteúdo fechado não auxilia os estudantes a descobrirem as respostas por si e explorarem diferentes nuances do mesmo conteúdo, conseguindo olhar para ele por diferentes ângulos.

O apoio dos pares é fundamental para um ensino mais plural e diverso e expressar-se é também uma forma de ensinar autonomia.

Como a Little Maker trabalha a criatividade na educação?

Todos podem ser criativos. A criatividade é um hábito e, ao ser incentivada e valorizada, faz com que as crianças aprendam essa cultura desde pequenos e se tornem adultos confiantes, autossuficientes e capazes de criar no mundo a sua volta.

A Little Maker tem como objetivo sempre oferecer um chão baixo, para que todos possam começar a criar e aprender, sem serem impedidos de criar por não terem determinado conhecimento, falta de habilidade, domínio de uma técnica ou falta de ferramentas e possibilidades; um teto alto, para que todos tenham a possibilidade de crescer em seus projetos e se sentirem desafiados, e também não se sintam desinteressados quando superarem o nível de complexibilidade do que construíram; e paredes largas para que as possibilidades sejam amplas o suficiente para desenvolver a criatividade e curiosidade de cada indivíduo, seguindo, dessa forma inúmero caminhos diferentes, de acordo com os interesses de cada um.

Usamos de oficinas que incentivam os estudantes a desenvolver a criatividade, ajudando a formar pessoas cujas habilidades de inovar e empreender novos desafios sejam inerentes a sua curiosidade em todas as esferas da vida.

A criatividade é fazer escolhas onde os caminhos, ao invés de afinarem, se expandem em novas possibilidades e mostram que um mundo inteiro é possível. Conheça mais sobre nossa metodologia.

Saiba como ter uma Little Maker na sua escola.

Bibliografia

OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. 31º Edição. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1977.
ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de. Criatividade no contexto educacional: Três décadas de pesquisa. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, vol 23, pp. 045 – 049, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v23nspe/07.pdf
MINHÓS, Isabel; PEDROSA, Maria; MATOSO, Madalena. Aqui Dentro. São Paulo: Editora SESI, 2018.
Como o Cérebro Cria. Direção por Jennifer Beamish e Toby Trackman, roteiro por David Eagleman. Estados Unidos da América: Netflix, 2019. Acesso em 04 de fevereiro de 2020.
BAHIA, Sara; NOGUEIRA, Sara Ibérico. Entre a Teoria e a prática da Criatividade. In: VEIGA, Feliciano H. (org). Psicologia da Educação. Lisboa: Climpesi Editores, 2013. Disponível em https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/2721/1/entre-a-teoria-e-a-prática.pdf

Como a abordagem de Reggio Emilia contribui para uma Aprendizagem mais Significativa?

Reggio Emilia é o nome de uma cidade italiana com pouco mais de 170 mil habitantes situada no norte do país, área de destaque econômico por sua produção industrial. Contudo, desde a década de 1990, a cidade tem ganhado destaque mundial devido ao conjunto de escolas e práticas pedagógicas desenvolvidas ali. O que faz com que essas escolas sejam referência na Educação são seus diferenciais, como a valorização da diversidade de linguagens da criança (exploradas no poema “as cem linguagens da criança”, de Loris Malaguzzi) e a participação ativa de membros da comunidade e dos diferentes profissionais que trabalham na escola.

Essa abordagem transdisciplinar continua a ser uma inspiração para diversos lugares do mundo até os dias de hoje por sua preocupação com desenvolvimento intelectual, estético, emocional e social das crianças, especialmente na primeira infância.

Para entendermos um pouco mais sobre os valores e as particularidades dessa abordagem, vamos retomar sua história. Começaremos nos anos que se seguiram ao fim da 2ª Guerra Mundial.

A Primeira Escola

Na década de 1940, a Itália encontrava-se em processo de reconstrução econômica e física da destruição causada por batalhas e bombardeios decorrentes da 2ª Guerra Mundial. Também acontecia a reorganização política e social dos danos causados pelo regime fascista. Percebendo e vivenciando esse contexto, um grupo de moradores de Reggio Emilia reconhece que a educação das crianças era uma responsabilidade partilhada por todos os membros da comunidade e dedica-se à construção de uma escola infantil, a escola 25 de abril.

Loris Malaguzzi, um jovem nascido na região e formado em pedagogia, aproximou-se do projeto e contribuiu em sua construção aliando prática e teoria. A experiência educacional de Reggio (ou reggiana) tem inspiração em teóricos de renome internacional como Jean Piaget, Lev Vygotsky e John Dewey, e também de pedagogos italianos, como Maria Montessori e Bruno Ciari. Entretanto, a abordagem preocupa-se com os contextos cultural, histórico, econômico, científico e humano nos quais está inserida, por isso não se prende a nenhum grande modelo, e sim atende às demandas locais das crianças.

Assim, apesar do nome de Malaguzzi ser considerado referência sobre o tema, devemos compreender que esse olhar para a educação foi construído por todos os envolvidos, sejam eles educadores, psicólogos, pais, além das próprias crianças, protagonistas desse processo de adquirir conhecimento de forma a considerar as suas potencialidades.

Temos então uma escola que é compreendida como um lugar de diálogo e conexão entre os cidadãos, um espaço público de práticas éticas e políticas, vinculadas às práticas culturais e educacionais, fruto da própria reconstrução da comunidade no pós-guerra. É importante frisar que a abordagem adotada pela comunidade de Reggio Emilia sempre se baseou no contexto vivenciado. Por esse motivo, a comunidade, juntamente com o ambiente, são elementos chave para a aprendizagem aqui, pois proporcionam conexões com a realidade das crianças e elementos de seu cotidiano.

Ao longo das décadas seguintes, o projeto cresceu e hoje está sob a responsabilidade da Fundação Reggio Children, que é ligada à municipalidade e administra a rede de escolas. A rede corresponde a grande parte das escolas da região, englobando mais de quarenta escolas, entre creches para crianças de três meses a três anos de vida e escolas infantis para crianças de três a seis anos.

A Abordagem Educacional

A educação reggiana entende a criança de forma integral, considerando suas necessidades intelectuais, estéticas e afetivas na construção do conhecimento. Por este motivo, tem a preocupação com a existência de um ambiente que seja facilitador e estimule o processo de construção de conhecimentos e significados em contato com os outros e com o mundo. Desse modo, o ambiente educativo é organizado para ser um espaço acolhedor e permitir que seus frequentadores (crianças, pais e profissionais da escola) estabeleçam relações tanto com o ambiente, quanto uns com os outros.

Muitas das paredes e divisórias são transparentes para possibilitar que as crianças possam enxergar diferentes perspectivas. Ao final da aula, as salas e ateliês não são organizados para que seja possível a retomada das construções e projetos no próximo dia sem quebrar a continuidade do fio narrativo da aprendizagem – o que mostra, por exemplo, a importância dada ao processo dos pequenos.

Além disso, a formação de comunidades que trabalham em grupo é considerada um elemento potencializador da aprendizagem. Em uma pesquisa conjunta da Reggio Children e do Projeto Zero da universidade de Harvard (que pode ser consultada no livro “Tornando Visível a Aprendizagem. Crianças que Aprendem Individualmente e em Grupo”) os grupos de aprendizagem foram definidos como “um conjunto de pessoas emotiva, intelectual e esteticamente comprometidas com a solução de problemas, com ações realizadas e com a construção de significados – um conjunto em que cada um aprende, tanto de maneira autônoma quanto por meio das modalidades de aprendizagem dos outros”.

Outro ponto valorizado é a ideia de escuta. O termo escuta no contexto dessa abordagem pedagógica deve ser entendido de forma ampla e sinestésica. Não apenas como ouvir, mas como ter sensibilidade e disposição de entender e conhecer o mundo do outro, acolhendo as diferenças e dando valor ao olhar apresentado. Para que seja possível escutar ao outro, é imprescindível desenvolver a capacidade de escutar a si mesmo, trabalhando o autoconhecimento de suas habilidades, opiniões e limitações. Dessa forma, trabalha-se a empatia em um processo de dentro para fora, sendo mais gentil e compreensivo consigo mesmo e estendendo essa habilidade às pessoas de seu convívio e do mundo.

Documentação como forma de dar visibilidade ao processo de aprendizagem

Na experiência de Reggio a documentação é compreendida como parte integrante do processo de aprendizagem pois o torna visível. Esse processo se dá a partir de inúmeras formas de registro ao longo das aulas, buscando sempre captar a importância e essência do momento, seja registrando um aprendizado, um procedimento, uma dificuldade, ou qualquer outro momento que seja importante durante o processo. A documentação permite conhecer e entender as dinâmicas da aprendizagem individual, e também se torna um instrumento que contribui com a aprendizagem tanto individual quanto do grupo, além de ser capaz de registrar nuances que não poderiam ser observadas a partir de um produto final, justamente por serem processuais.

A documentação como parte do processo de aprendizagem demanda a escolha adequada do que se deve valorizar com o registro, esse podendo ser feito a partir de várias formas de linguagem (verbal, gráfica, musical, gestual etc.). Dessa forma, o registro não só acompanha, mas também estimula o conhecimento, questiona e convida ao saber. Portanto, a documentação contribui com a construção de sentidos durante os mais diversos trajetos que ocorrem no processo de aprendizagem.

Também estimulando a metacognição – que diz respeito à autoconsciência de estar aprendendo e discernimento desse processo. Isso porque o registro processual permite que as crianças revisitem seus processos, refletindo sobre suas experiências e aprendizagem, possibilitando novas interpretações de tudo isso a partir de novos contextos.

Little Maker e a abordagem Reggio Emilia

No desenvolvimento de nossa metodologia, buscamos inspiração na experiência de Reggio Emilia. Isso pode ser visto desde o incentivo à formação de grupos de trabalho, a preocupação com um ambiente acolhedor para a criança e suas ideias, a valorização das criações elaboradas pela própria criança, o respeito aos diferentes pontos de vista, até o cuidado com a escuta, que se manifesta inclusive através de registros.

Entendemos a documentação como parte integrante do processo de aprendizagem. Assim, ao longo das aulas, todo o processo de discussão, elaboração e criação é registrado tanto pelo professor, no caso educação infantil, quanto pelos próprios alunos. Isso permite a elaboração de questionamentos ao longo das aulas, a retomada do percurso ao final de um ciclo de projetos e também o acompanhamento dos pais por meio do aplicativo Significa Pais®, integrando os responsáveis nesse processo tão importante para as crianças.

Autonomia na educação: projeto autoral ajuda escolas a engajar alunos

Os pesquisadores Jal Mehta e Sarah Fine, da Universidade de Harvard e da High Graduate School of Education, respectivamente, se depararam com uma informação importante ao realizarem uma pesquisa com alunos do ensino médio. Para a maior parte dos estudantes, a insatisfação e o tédio estão presentes frequentemente.

No entanto, entre aqueles que se apresentavam como engajados e motivados, havia algo em comum: a participação em projetos criativos desenvolvidos em suas instituições de ensino.

Como manter estudantes motivados?

No Brasil, algumas escolas já têm aplicado uma metodologia para engajar alunos a partir de projetos autorais. A ideia central é oferecer mais autonomia para que cada estudante possa descobrir e experimentar suas próprias inclinações, o que pode se refletir também em suas decisões para a carreira que desejam seguir.

Nos métodos mais tradicionais de ensino, em que existe uma relação vertical entre professores e alunos, como evidenciou a pesquisa de Mehta e Fine, os alunos se mantêm mais afastados dos processos e, consequentemente, se envolvem menos.

O que é um projeto autoral?

Podem ser considerados projetos autorais desde a criação de uma pintura sobre tela até o desenvolvimento de um robô. Ou, seja, o projeto autoral é um projeto desenvolvido a partir das intenções do próprio aluno, através de seu percurso pela educação.

Isso faz com que o estudante esteja envolvido de alguma forma em todas as fases do processo de criação e execução, investigando e respondendo questões, desafios e problemas que possam aparecer.

Saiba mais sobre o Maker com projeto autoral para uma aprendizagem significativa

Little Maker: levando uma nova metodologia às escolas

Para Diego Thuler, fundador da Little Maker — que implementa essa metodologia em escolas — o conceito dos projetos autorais, além de oferecer mais autonomia, permite abordagens transdisciplinares, estimulando ainda o uso de diferentes ferramentas e conhecimentos.

“O processo permeia caminhos e alavanca conexões nem sempre previsíveis, colocando o aluno como alguém ativo em relação à aprendizagem”, diz.

A indecisão sobre qual carreira seguir, um problema que atinge 60% dos jovens que estão concluindo o ensino médio no país, de acordo com dados da Cedaspy Professional School (CPS), pode ser resolvida de maneira muito mais simples quando os estudantes já desempenham atividades de criação e pesquisa.

Os trabalhos autorais criam nos jovens uma noção melhor de autoconhecimento, uma vez que eles “aprendem fazendo” o que gostam ou o que não gostam.

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transdisciplinaridade e projeto maker

Transdisciplinaridade na educação, você sabe o que é?

A educação tem um papel fundamental na formação do sujeito por estar presente em sua vida desde seus anos iniciais. É necessário que a educação acompanhe as transformações da sociedade, para que possa preparar as crianças para vida de forma integrada com o mundo.

Tendo isso em vista, as práticas educacionais têm sido cada vez mais debatidas, buscando encontrar maneiras de alcançar a formação integral do indivíduo. Uma alternativa que tem ganhado cada vez mais espaços dentro dessas discussões e que merece atenção é a transdisciplinaridade, uma abordagem que propõe um novo modo de pensar e de se relacionar com o conhecimento.

Portanto, para entender melhor sobre a transdisciplinaridade, é interessante começar pelo esclarecimento e diferenciação entre esse e outros conceitos que estão interligados e muitas vezes acabam sendo confundidos: disciplinaridade, multidisciplinaridade e interdisciplinaridade.

Conceitos Básicos

Disciplinaridade: diz respeito aos campos de conhecimento que são compartimentalizados segundo uma visão cartesiana, buscando o aprofundamento em um conhecimento específico. Isso é feito a partir do isolamento do objeto ou conteúdo de seu ambiente para que possa ser estudado por si só, resultando no que conhecemos como matérias ou disciplinas escolares (língua portuguesa, matemática, história…).

Multidisciplinaridade: surge como uma tentativa de trabalhar mais de uma disciplina simultaneamente, mas é caracterizada por não propor reais interações entre os conteúdos, o que resulta em um trabalho muitas vezes sem significado. Nesta abordagem, um mesmo objeto de estudo é analisado a partir de diferentes óticas, cada uma pertencente a uma disciplina que contém seus próprios métodos, parâmetros e conceitos. Contudo, as disciplinas não se relacionam, não fazem trocas; dessa forma, não se cria novas percepções, apenas compartilham um mesmo ponto de partida.

Isso já é muito comum no contexto escolar: estuda-se na aula de História sobre a Primeira Guerra Mundial e sobre Expressionismo na aula de Artes, mas não é abordado, por exemplo, que esse movimento artístico e cultural foi motivado pelas consequências da 1ª GM. Dessa forma, não são estabelecidas, entre os conteúdos, relações que poderiam torná-los mais significativos ao colocá-los em um contexto mais amplo e conectado com o mundo

Interdisciplinaridade: propõe o intercâmbio de informações entre disciplinas, fazendo com que sejam integradas dentro de um contexto específico, como projetos escolares. O próprio prefixo “inter” já implica “reciprocidade”, evidenciando que essa estratégia necessariamente traz relações entre as disciplinas. Isso acontece principalmente de modo prático, partindo de um contexto no qual variadas óticas são necessárias para a resolução de um conflito, por exemplo. Nesse contexto, é comum que as disciplinas sejam trabalhadas de formas diferentes das quais estamos acostumados, com outro enfoque.

Usando como exemplo um projeto que traga o tema de sustentabilidade, um professor de matemática pode mobilizar os conteúdos a fim de calcular gastos mensais de água com dados trazidos pelos alunos; um professor de geografia pode abordar os impactos do desperdício de água em diferentes territórios ou períodos; um professor de língua portuguesa pode trabalhar as características de uma dissertação-argumentativa para que os alunos articulem os aprendizados ao longo do projeto… Enfim, observa-se ainda a existência de disciplinas, porém elas constroem relações entre si a partir de um mesmo tema, problemática ou iniciativa.

TRANSDISCIPLINARIDADE

Ultrapassando as limitações que as abordagens anteriores apresentam, a transdisciplinaridade procura transbordar as disciplinas e considera outras dimensões além da cognitiva ao trabalhar os conhecimentos. Dessa forma, propõe um aprendizado com espaço para intuição, emoções, sentimentos, formas de expressão… Tudo isso integrado com os conhecimentos propostos inicialmente pelas disciplinas, trabalhando então, de forma complementar e não antagônica à disciplinaridade.

A abordagem transdisciplinar adiciona uma camada mais profunda à relação entre diversas disciplinas ao combinar o âmbito cognitivo com as outras dimensões que perpassam o indivíduo, isso porque todas essas esferas funcionam de forma holística e não separadamente em momentos específicos do cotidiano.

Como o termo surgiu e foi consolidado?

O termo transdisciplinaridade foi citado inicialmente por Jean Piaget no I Seminário Internacional sobre Pluri e Interdisciplinaridade, realizado na Universidade de Nice (França), em 1970, ao propor a reflexão a respeito do tema. Mais tarde, em Arrábida (Portugal), no ano de 1994, a UNESCO produziu a Carta da Transdisciplinaridade durante o Primeiro Congresso Mundial da Transdisciplinaridade. Esse documento foi imprescindível para a definição do termo, pois discorre sobre questões que motivam o exercício da transdisciplinaridade e também sobre condições que caracterizam a abordagem.

Esse documento apresenta problemáticas como o desvinculamento das pessoas ao planeta,

  • o que impede que tenham um olhar mais humano sob os problemas, necessidades e conflitos, buscando apenas o resultado sem considerar as implicações desse;
  • um possível novo obscurantismo causado pela ruptura consigo mesmo devido a busca por conhecimento externo exacerbado em detrimento do autoconhecimento;
  • o aumento da desigualdade social por meio da desigualdade nos processos de aquisição de conhecimento.

Como esclarecimentos a respeito do termo transdisciplinaridade, é sempre enfatizado na Carta a necessidade de não reduzir ou simplificar realidades, contextos, opiniões, lógicas ou o próprio ser humano. Também não cabem quaisquer práticas que evitem o diálogo sobre possibilidades, pois o conhecimento deve ser construído de forma compartilhada e conjuntamente, sem uma hierarquização de posições dentro de um contexto de aprendizagem ou saberes.

Enfim, a abordagem transdisciplinar, por transbordar as fronteiras entre as disciplinas, integrando-as em um contexto multidimensional (no qual outros âmbitos, como emoções, sentimentos, intuição, autoconhecimento, estão envolvidos e têm papel crucial), não permite aprendizado descontextualizado e, consequentemente, também não permite simplificação ou subestimação de culturas ou realidades, motivando o respeito pelas diferenças e resguardando suas complexidades e riquezas.

Transdisciplinaridade e aprendizagem significativa

Ao propor um outro modo de construção do conhecimento, em que há uma interação mais direta entre professores e alunos, espaço para integração dos estudos com as vivências dos estudantes e outras realidades a serem pensadas, a transdisciplinaridade também colabora para uma aprendizagem mais significativa por colocar o aprendiz em uma posição ativa na qual exercita suas ideias e opiniões, além de sua habilidade de pesquisa e comunicação.

Isso ocorre porque o aprendiz, ao perceber que têm espaço para trazer suas opiniões e mobilizar os conhecimentos em prol de sua realidade ou interesses, se vê como peça importante para o aprendizado coletivo – o que de fato é, pois traz novas perspectivas a serem debatidas, renovando conteúdos que antes poderiam ser tratados como incontestáveis. Dessa forma, a conexão entre aprendiz e aprendizado se estabelece de forma afetuosa e resulta em uma sensação de pertencimento ao contexto em que está inserido, servindo como combustível para que se engaje cada vez mais.

Momento de Transição

É importante lembrar que uma aprendizagem pautada na transdisciplinaridade não é uma realidade majoritária. A educação tem passado por um processo de transição no qual caminhos para sanar as necessidades da sociedade atual têm sido percorridos, em alguns contextos mais vagarosamente e em outros já sendo vislumbrados ou até mesmo vividos.

É crucial reforçar que a transdisciplinaridade não prevê a exclusão das disciplinas, mas sim propõe complementar conhecimentos que já são adquiridos com o desenvolvimento de outras dimensões do sujeito. Combinados, todos esses fatores resultam em uma educação transformadora que preparará as crianças e jovens para que realmente pratiquem o autoconhecimento, tendo relações melhores com a sociedade em seus diferentes níveis de proximidade e para que entendam sua potência enquanto agentes transformadores, adotando uma postura mais responsável e integrada com o mundo em que habitam.

Como a Little Maker exercita a transdisciplinaridade?

Na busca para que a transdisciplinaridade ocorra de forma fluida dentro de oficinas Makers e do próprio espaço escolar, a Little Maker desenvolveu micromundos fundamentados na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que funcionam como disparadores para as criações de projetos autorais.

Em nossos programas possibilitamos que os limites disciplinares sejam transpostos por meio da criação. Dessa forma, tanto o aspecto cognitivo quanto o socioemocional são desenvolvidos contribuindo com uma formação integral do estudante, que passa a transitar entre diferentes aprendizados aproximando-os de seu cotidiano.

Para além dos próprios micromundos, o processo autoral e as reflexões propostas com o desenvolvimento dos projetos são caminhos que permitem que o estudante consiga enxergar seu aprendizado como parte de um todo, sem perder de vista as especificidades vinculadas a cada conhecimento específico. Assim, é possível conectar com o que é trabalhado em sala de aula e evidenciar a transdisciplinaridade como um elemento complementar na construção de uma aprendizagem mais significativa.

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Projeto Autoral Little Maker

Como surgiu a Educação Maker no Brasil?

Vivenciamos o crescente ingresso da Educação Maker nas escolas brasileiras, especialmente motivado pelas novas demandas de um mundo repleto de informações e constantes mudanças tecnológicas, somado à busca por metodologias ativas de aprendizagem. 

O surgimento da Educação Maker no Brasil está relacionado à Cultura e ao Movimento Maker. Porém, para que possamos acompanhar a evolução da Educação Maker aqui, é necessário entender os usos e origens desses três termos e as relações que estabelecem entre si: Movimento, Cultura e Educação Maker.

O MOVIMENTO MAKER

O movimento maker é baseado nos movimentos Do It Yourself (faça você mesmo) e Do It Together (façamos juntos), que incentivam as pessoas a fazerem pequenos reparos e construções domésticas com as próprias mãos, sozinhas ou em conjunto. Essas práticas promovem laços entre os indivíduos e reforçam a ideia de comunidade.

Assim, o Movimento Maker tornou-se tendência, impulsionado pelo acesso a novas tecnologias, também disponíveis a um público mais amplo. Na medida em que crescia, ele contribuía para o início da Cultura Maker.

A CULTURA MAKER

O principal marco é o The Maker Movement Manifesto, o Manifesto do Movimento Maker, de Mark Hatch (2013). O subtítulo, “Rules for Innovation in the New World of Crafters, Hackers, and Tinkerers” elenca valores fundamentais para a cultura Maker:

  • O termo craft tradicionalmente refere-se à ideia de criar ou fazer algo; também carrega a conotação de possuir uma habilidade ou um conhecimento específico;
  • Enquanto a palavra tinkers é derivada do termo tin (estanho), sendo historicamente utilizada para referir-se ao profissional que conserta, monta e desmonta objetos feitos de ligas metálicas, fazendo reparos e melhorias;
  • Além disso, a palavra hacker, indica aqueles que têm habilidades nas áreas de tecnologia e as usam para quebrar códigos e romper sistemas, inclusive para o bem!

A partir de então, tem início o que é a Cultura Maker: um conjunto de comportamentos, conhecimentos, valores, crenças e costumes que têm como base a ideia de que pessoas podem se envolver em projetos que as façam se sentir capazes de construir coisas novas, gerando seu empoderamento. 

Também dá espaço para o “aprender fazendo” e ao trabalho em equipe, pois ao compartilharem experiências umas com as outras, as pessoas constroem redes e apoiam-se mutuamente ao longo do processo.

A EDUCAÇÃO MAKER

Com o passar dos anos o Maker se aproxima da educação, gerando diferentes interpretações e adaptações de dinâmica. Assim, ganham destaque duas formas distintas de pensar a educação maker, uma com enfoque nas competências e habilidades desenvolvidas na criação e construção de projetos; e outra resumindo o maker às ferramentas e tecnologias de sua oficina.  

Este texto apresenta a Educação Maker cuja vertente é o desenvolvimento das competências e habilidades, por enxergar o grande potencial que essa abordagem traz ao ser conectada com grandes teorias da educação e com as demandas do século XXI. 

No contexto educacional, o Movimento Maker pode dialogar com as teorias construtivistas que partem de Jean Piaget, visto que compartilham o foco na construção de conhecimento multidisciplinar, partindo da interação e participação ativa do aprendiz com o meio, e seguindo as demandas cognitivas próprias relacionadas à fase de desenvolvimento pessoal na qual ele se encontra.

Uma corrente teórica que estabelece ainda mais relações entre Movimento e Educação Maker é o Construcionismo, elaborado por Seymour Papert, que também se preocupa com a questão do meio pelo qual a aprendizagem se dá. Um notório conceito apresentado por Papert ao longo de sua obra é o de Micromundo.

O Micromundo é um espaço de exploração que serve como ponto de partida para as criações das crianças. Pode ser elaborado de várias formas a partir de vertentes diferentes, sejam elas ferramentas ou contextos lúdicos ou reais, com articulação entre seus elementos de acordo com os interesses do aprendiz.

As teorias educacionais de Piaget e Papert tiveram papel essencial para que aplicar a Cultura Maker na educação pudesse ser entendido como uma possibilidade do processo de ensino aprendizagem

Assim, a Educação Maker apresentou-se como uma alternativa extremamente promissora quando comparada tanto com modelos tradicionais, quanto como proposta completamente inovadora.

Dessa forma, a Educação Maker:

  • incentiva atitudes importantes para a formação integral do indivíduo;
  • desenvolve habilidades socioemocionais e cognitivas que otimizam as relações interpessoais;
  • melhora a relação do estudante consigo mesmo; e
  • democratiza as formas de aprendizado.

Conheça algumas referências que serviram de base e/ou inspiração para construirmos, na Little Maker, uma metodologia rica e bem fundamentada, focada na educação integral e significativa para cada aprendiz.

CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO MAKER PARA AS ESCOLAS

As habilidades socioemocionais e cognitivas são reforçadas como prioridade pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular), documento no qual são apontados os princípios norteadores da educação básica brasileira. 

A Educação Maker contribui para o desenvolvimento dessas habilidades, tais como: empatia, engajamento em prol dos projetos de vida, confiança, responsabilidade, autonomia, reflexão, articulação de conhecimentos e experimentação, e criatividade.

Ao inserir o Maker no ambiente escolar, os estudantes são incentivados a colocar a mão na massa e a trazer seus interesses. Assim, dedicam-se mais ao objeto de estudo, criando responsabilidade em relação ao seu aprendizado. 

Ao se verem capazes de realizar transformações, eles desenvolvem autoconfiança. Com a prática, esse empoderamento é internalizado e transborda da escola para outros âmbitos da vida.

O Maker possibilita uma transformação social e cultural no modo como as crianças e jovens se relacionam com o cotidiano, com as práticas escolares e com as próprias tecnologias. 

A exploração, a construção e a descoberta atuam como territórios férteis para o aprendizado, que por sua vez, é atrelado ao uso responsável e democrático do conhecimento adquirido, contribuindo com a escola na formação integral do indivíduo.

Também por entender o próprio vínculo existente entre si e seu objeto de estudo, o estudante demonstra mais empatia, apoiando e ajudando de forma construtiva os demais.

O desenvolvimento dessas habilidades é estimulado, desde a educação infantil ao ensino médio, de forma constante e por meio de práticas e metodologia ativa, que reforçam sempre as atitudes e valores trabalhados na Educação Maker.

Entenda como o Programa da Little Maker e o Espaço Maker podem se integrar ao currículo de sua escola, possibilitando a aproximação entre matérias, cotidiano e as experiências de cada aprendiz, transformando o aprender em algo significativo e colocando o conhecimento em movimento!

Maker com projeto autoral para uma aprendizagem significativa

Qual a importância de um projeto 100% autoral?

Com a crescente do uso de metodologias ativas, muita atenção tem sido dada à ideia do protagonismo do aluno e seus benefícios na aprendizagem.

Um dos meios encontrados pelos educadores para trabalhar esse conceito é a criação de projeto autoral, pois quando os alunos trabalham em projetos que surgiram de suas próprias demandas e interesses a conexão estabelecida durante a sua elaboração é nítida.

Ter espaço para trazer questões importantes para si faz com que o aluno tenha um engajamento muito maior e consiga enxergar a temática proposta a partir de uma outra perspectiva: a prática.

Perceber que o projeto que está realizando tem tudo a ver com diversas matérias que vê em sala de aula e, além disso, com algo que vivencia no mundo é fascinante!

Conexão e Interdisciplinaridade

A partir do momento em que o aluno se conecta com um assunto, ele realmente aprende sobre não só uma, mas diversas áreas de conhecimento de forma interligada.

Saberes que se encontram e articulam-se em prol daquela ideia, incentivando-os a explorar e fazer novas descobertas, transformando o processo em algo significativo.

Ao darmos espaço para que os alunos sejam autores dos próprios projetos, incentivamos sua criatividade e permitimos que tragam aquilo que é importante e significativo para eles. Além disso, há na liberdade do projeto autoral um comprometimento com responsabilidade na procura por informações e habilidades necessárias para a concretização de sua criação.

O processo permeia caminhos e alavanca conexões nem sempre previsíveis, colocando o aluno como alguém ativo em relação a aprendizagem.

Projeto Little Maker

Projeto de captação de água para oferecer para os animais.

Com isso, tanto a autonomia e responsabilidade são exercitadas, pois o jovem se torna protagonista do que desenvolve, quanto as habilidades socioemocionais e relações interpessoais são desenvolvidas ao longo do processo, por meio de erros, acertos, descobertas…

Trabalhar com projetos autorais também ajuda o jovem a desenvolver confiança sobre suas ideias e seus conhecimentos, reconhecendo que suas ideias importam e têm valor, e consequentemente as dos outros também, e que todos têm algo a ensinar, e sempre há algo novo para aprender.

Aprendizagem Significativa

O projeto 100% autoral é ainda mais significativo pois não traz a construção mão na massa por si só, assim como um meio do aluno poder trazer seus próprios referenciais e, por meio da concretização de suas ideias durante um processo muito rico de trocas e buscas voltados ao que lhe interessa, entender que é possível mobilizar o conhecimento em prol de seus objetivos.

Unificando, então, projetos desenvolvidos em sala de aula com seus projetos de vida, sendo uma prática que chega a um nível ainda mais profundo de conexão entre o aluno, a matéria, o mundo e sua própria vida e interesses.

David Ausubel, em Aquisição e Retenção de Conhecimentos: Uma Perspectiva Cognitiva, coloca que o conhecimento é um produto de um processo cognitivo que envolve a interação entre as ideias anteriores do aluno e ideias cultural e logicamente significativas para ele. Assim, o conhecimento é, por definição, significativo.

Interação entre os Saberes

Os projetos autorais permitem exatamente essa interação entre os saberes e conceitos trazidos pelo jovem e conhecimentos disciplinares ou estruturados aos quais ele ainda não teve acesso, por isso são uma forma importante de realização prática dos princípios de Aprendizagem Significativa.

A aplicação desses conceitos resulta em uma aprendizagem mais significativa que ajuda a desenvolver habilidades socioemocionais e relações interpessoais dos alunos, bem como permite ao jovem entender que é possível mobilizar os conhecimentos em prol de seus projetos e objetivos de vida.

Ter acesso a um espaço que traga esses valores e conceitos dentro de uma metodologia aplicada é extremamente empoderador. Não há como prever como vai ser o processo do projeto autoral de cada aluno por ser uma trajetória bastante pessoal e autônoma, então é sempre uma ótima oportunidade para ver conhecimentos jamais imaginados juntos mobilizados de formas fascinantes e inovadoras.

Isso permite aos outros alunos da sala ver, ao serem apresentados aos projetos de seus colegas, tais áreas a partir de outro ponto de vista, se interessando e refletindo sobre assuntos e universos inteiros que não pensariam em um primeiro momento.

Nós da Little Maker

O programa que desenvolvemos, ao utilizar temas lúdicos, incentiva que o professor instigue a imaginação do aluno e permita que este consiga trazer seus referenciais na construção de seus projetos, dando subsídio para que o professor entenda a visão de cada criança sobre o assunto trabalhado.

A partir desse entendimento, o professor pode trabalhar a construção e desconstrução de conceitos e paradigmas, além da sensibilização do aprendizado através da problematização deste espaço em seus aspectos sociais, culturais, tecnológicos e científicos.

Esse engajamento gera um empenho por parte do aluno no aprofundamento deste conhecimento nas disciplinas escolares, conforme suas expertises, referenciais e processos. Entendemos que os projetos significativos trazem uma grande oportunidade de desdobramentos e incorporação nas atividades de aprofundamento.

A autoria do aluno também contribui com as atividades disciplinares da escola por ser um meio no qual o professor pode observar a visão e os referenciais de cada criança sobre o assunto trabalhado. A partir desse entendimento, ele pode auxiliar as crianças na construção e desconstrução de conceitos e paradigmas.

Outro movimento interessante de se observar é que estes desdobramentos retornam à oficina nos próximos projetos. Quando o professor de sala aguça o olhar para novas perspectivas, elas são retomadas e abordadas com mais consciência pelos alunos nas próximas construções, construindo um canal de ligação e retroalimentação oficina – sala de aula riquíssimo para o aprendizado significativo. Saiba como ter uma Little Maker na sua escola, clique aqui.

Aprender a aprender e aprender a fazer

Acreditamos que trabalhar com projetos 100% autorais é uma forma de permitir aos alunos a expressão de quem são e tudo o que lhes interessa, pois dá espaço para o empoderamento e protagonismo deste aluno, ao mesmo tempo em que agrega em sua bagagem e repertório à responsabilidade atrelada ao aprender e ensinar.

Com isso, é notável a conexão estabelecida entre o projeto e seu idealizador, desdobrando essa conexão para entender a importância e vínculo afetivo existente no processo, exercitando a empatia em relação aos demais projetos e processos  ao se identificar com as dificuldades, soluções, dedicação e aprendizagens. 

Empresas de tecnologia buscam por habilidades humanísticas

Estudo mostra que competências humanas são essenciais para automação do mercado

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