Espaço Maker: compreenda a origem e como aplicar em sua escola

Atualmente, muito se ouve falar sobre o espaço maker dentro de instituições de ensino.

Por se tratar de um tema  que vem ganhando cada vez mais relevância, muitos profissionais da educação se sentem cada vez mais curiosos para entender como ocorre o processo de aula no Espaço Maker e quais são as contribuições trazidas por ele.

Na maioria das vezes, um dos primeiros pensamentos que se tem quando se ouve sobre espaço maker é o uso da tecnologia, mesmo quando pouco se sabe do tema.

E realmente há diversos equipamentos eletrônicos neste espaço. A tecnologia e a imaginação dos alunos, quando juntas, são capazes de construir mundos de possibilidades infinitas e dar vida a ideias incríveis, além de expandir e fortalecer o conhecimento que se tem

Além disso, no espaço maker os alunos desfrutarão de muitos outros materiais para se expressarem e aprenderem de maneiras diversificadas e com grande significado. 

Neste artigo, abordaremos os seguintes aspectos acerca do Espaço Maker:

  • O que é um Espaço Maker?;
  • Entendendo o Movimento Maker;
  • Manifesto Maker;
  • A diferença entre os Laboratórios de Informática e os Espaços Maker;
  • Mas o que é preciso para criar um Espaço Maker?;
  • Qual é a idade ideal para utilizar a Sala Maker?;
  • A influência do Espaço Maker na Educação, como isso funciona?;
  • Espaço Maker: uma possibilidade real de reinvenção do contexto escolar.

 

O que é um Espaço Maker?

Os Espaços Maker são ambientes de trabalho colaborativo dentro de instalações públicas ou privadas, instituições de ensino e empresas, onde os indivíduos aprendem, fazem e exploram ferramentas e possibilidades de maneira compartilhada.

Na visão da Little Maker, o Espaço Maker é o lugar onde o imaginário ganha vida e as criações são transportadas para o mundo físico. Neste ambiente, toda criação se torna possível e todo ser humano é o protagonista de suas próprias ideias. 

Neste espaço planejado dentro de salas disponíveis nas instituições de ensino, os alunos são incentivados a expressar sua criatividade, trazendo seus referenciais emocionais para criar seus projetos com o uso de tecnologias, objetos recicláveis e outros materiais que atendam as necessidades de seus criadores.

Aqui os estudantes se sentem livres para errar, uma vez que os erros fazem parte do processo de aprendizado e traz a oportunidade de alcançar o resultado pretendido.

Ademais, os Espaços Maker são vistos como uma expressão de linguagem, a qual contribui muito para a comunicação entre os alunos e suas criações, trazendo uma intencionalidade que auxilia na dinâmica e na proposta pedagógica planejada pela Little Maker. 

Entendendo o Movimento Maker

O Movimento Maker começou a ser adotado no início do século XX em escala global. No entanto, teve seu destaque no período pós Segunda Guerra Mundial, a qual os países europeus estavam devastados. Estes países precisavam de uma rápida recuperação, mas a alta recessão econômica impedia que isso acontecesse.

Algumas pessoas descontentes com aquela situação resolveram retomar suas vidas de onde haviam parado, consertando o que tinha chance e criando aquilo que havia se perdido. Utilizando da proposta filosófica do “Faça Você Mesmo” (“Do It Yourself” – DIY) e “Mão na Massa”, casas, cidades e países foram reerguidos.

No ambiente da educação escolar, sua entrada ocorreu graças a popularização do mundo digital e da redução dos preços dos equipamentos eletrônicos. Os conceitos oriundos do início do século passado estão presentes dentro das instituições de ensino no Brasil e no mundo.

O objetivo do Movimento Maker é que as pessoas deixem de ser apenas compradoras de produtos prontos e passem a ser autoras de seus bens e objetos usados no dia a dia.

Manifesto Maker

É baseado neste contexto que surge o Manifesto do Movimento Maker: Regras para Inovação no Novo Mundo dos Artesãos, Hackers e Reformadores (“The Maker Movement Manifesto: Rules for Innovation in the New World of Crafters, Hackers, and Tinkerers”), do escritor Mark Hatch, abordando as funcionalidades e os benefícios trazidos pelas práticas maker.

Parte de um espaço maker

A seguir trazemos os 10 itens que compõem o Manifesto Maker:

  1. Fazer: é algo que está diretamente ligado ao ser humano e faz parte de sua história. É sobre expressar seu singular e externalizá-lo ao mundo;
  2. Compartilhar: falar com outras pessoas sobre o que foi feito e o que se aprendeu com isso demonstra entendimento e traz satisfação ao criador. Então, por que não compartilhar?;
  3. Presentear: poucas são as coisas que possuem tanto um significado emocional como presentear uma pessoa com algo feito por você mesmo. Presentes assim carregam um pouco do seu criador e existirá para sempre com outro alguém;
  4. Aprender: deve-se aprender para fazer as melhores criações, mesmo quando já se sabe muito. O aprendizado é um processo contínuo e vivo.
  5. Brinque: se divertir ao longo do projeto o tornará ainda mais leve e gostoso de se fazer. Você se orgulhará disso quando olhar para trás!
  6. Participe: juntar-se ao Movimento Maker e vivenciar todos os conceitos na prática enriquece a vida e amplia os horizontes. É cercar-se de muito conhecimento e trocas;
  7. Mudança: aceite as mudanças que ocorrerão ao longo do percurso, porque elas fazem parte do processo. Estar ciente disso tornará esse fazedor mais hábil para passar pelas adversidades;
  8. Apoio: É necessário apoio emocional, intelectual, financeiro, político e institucional para que todo projeto maker aconteça;
  9. Permita-se errar: o ato de errar é fundamental para o processo de aprendizado. Faz com que o ser humano examine seus passos e aprenda com eles. Por isso, não tenha medo de errar.
  10. Equipe-se: para criar projetos diversificados e ricos em detalhes é preciso ferramentas adequadas, sendo baratas, acessíveis e fáceis de usar. Por isso, investir e desenvolver o acesso a essas ferramentas é fundamental.

A diferença entre os laboratórios de informática e os Espaços Maker.

Entende-se como laboratório de informática um lugar equipado com muitos computadores com acesso à internet. É usado para pesquisa e elaboração de trabalhos. Todo esse processo ocorre na esfera digital.

Já os Espaços Maker não se prendem somente às máquinas para que os alunos criem seus projetos. A infinidade de materiais e maneiras em que estes estudantes podem escolher para seguir vai ao encontro de sua imaginação, não limitando-os a um ou outro item.

Os Espaços Maker são compostos tanto de itens digitais quanto físicos, tudo planejado para tornar a experiência ainda mais proveitosa e enriquecedora.

Hoje, muitas instituições educacionais compreendem essas diferenças e escolhem pelos Espaços Maker, visando a alcançabilidade e diversidade de competências, habilidades e conhecimentos que são trabalhados em aula com os alunos, desenvolvendo-os para o mundo e as necessidades atuais.

Mas o que é preciso para criar um Espaço Maker?

Para criar um Espaço Maker bem equipado, é importante atender às necessidades do público-alvo e oferecer uma diversidade de materiais e ferramentas. Além dos materiais tradicionais de marcenaria, eletrônica e sucata, é possível incluir:Bancada em uma oficina maker

  • Canetas 3D;
  • Impressoras 3D;
  • Máquinas de costura;
  • Micro retíficas;
  • Cortadoras a laser;
  • Módulos eletrônicos;
  • Elementos com luz e som;
  • Materiais de papelaria;
  • Peças de tecido.

A dinâmica e a metodologia também são essenciais para garantir que o espaço seja utilizado de maneira produtiva e criativa.

Qual é a idade ideal para utilizar a Sala Maker?

Devido aos conceitos do Movimento Maker, como o Mão Na Massa e o Faça Você Mesmo, alguns responsáveis pelos alunos se questionam qual seria a idade ideal para que estes utilizem a Sala Maker. Alguns acham que as crianças ainda não estão preparadas para desenvolver suas próprias criações na educação infantil.

Entretanto, apesar de serem pequenas, as crianças são dotadas de muita imaginação e criatividade – combustíveis necessários para a criação de projetos. Além disso, elas aprendem sobre o mundo e tudo o que existe nele de maneira lúdica, divertida e fluída.

Pensando nisso, a metodologia oferecida pela Little Maker abrange a Educação Infantil (G3, G4 e G5), Ensino Fundamental I (do 1° ao 5° ano), Ensino Fundamental II (do 6° ao 9° ano) e Ensino-Médio (1° ao 3°), mostrando que cada faixa etária traz especificidades de habilidade e desenvolvimento que são levados em consideração em consonância com a BNCC.

A influência do Espaço Maker na educação, como isso funciona?

O Espaço Maker deve ser um lugar onde os estudantes se sintam acolhidos e estimulados. Para onde quer que eles olhem, encontram milhares de oportunidades para criarem seus projetos. Estão cercados por materiais e pessoas, ambos despertando curiosidade. E, neste contexto, a teoria de que o homem é o produto do seu meio, do filósofo Émile Durkheim, se aplica perfeitamente.

Sendo o Espaço Maker voltado à chuva de ideias e a criação, os alunos são constantemente provocados a pensarem sobre temas relevantes do mundo. Ao longo do caminho surgem as adversidades, que fazem com que o estudante precise refletir maneiras de superar a dificuldade encontrada.

Nesse momento, todo o conhecimento prévio e as trocas feitas com outros estudantes são necessárias para atingir o objetivo pretendido. Além disso, este espaço permite trabalhar com a metodologia PBL (aprendizagem baseada em projeto), onde os alunos constroem seus aprendizados enquanto criam e desenvolvem seus projetos.

O processo, nascido em sala de aula, é tão grandioso e contagiante que ultrapassa as paredes do ambiente escolar e passa a estar presente no dia a dia desses alunos. Assim, as características do Espaço maker – materiais, trocas, estímulos, se complementam no processo educacional.

Espaço Maker: uma possibilidade real de reinvenção do contexto escolar

O modelo da educação ensinada nas escolas não sofreu muitas alterações desde seu início. O aluno, por muitos anos, foi visto como aquele que recebe instrução, e o professor, por outro lado, aquele que ensina. No entanto, estudos atuais dizem que o processo do aprendizado deve ser mais dinâmico e singularizado, indo ao encontro com a forma que cada aluno desenvolve competências e habilidades.

Projeto construído com materiais reciclados por uma criança em uma sala makerAo saber dessas diferentes percepções, o Espaço Maker atrelado a uma boa prática pedagógica, proporciona o dinamismo nas criações e deve trazer à tona o conhecimento da individualidade de cada estudante de acordo com seus repertórios de mundo e referenciais emocionais.

Assim, o que já se aprendeu pode ser colocado em movimento e novos conceitos são introduzidos. Tudo isso ocorrendo de maneira prática.

É justamente por isso que a Little Maker traz em sua proposta o enfoque na área pedagógica, pensando nas dinâmicas e no processo de aprendizado dos alunos.

Não obstante, trabalha as 10 Competências Gerais da BNCC e reforça tanto o letramento digital como também uma ampliação do repertório e uma postura mais ativa dos alunos perante as tecnologias.

Em resumo, o Espaço Maker pode contribuir no desenvolvimento de aptidões importantes para toda a vida do estudante.

Entretanto, estes espaços só conseguem exercer sua potência máxima quando há o auxílio de uma metodologia pedagógica para orientar essa prática na transformação de aprendizados.

Referências

https://ala-choice.libguides.com/c.php?g=912604&p=6573864

Entenda o que é o Movimento Maker e como ele chegou à educação

Industrial Revolution 4.0: What You Need to Know About the Maker Movement

Os nossos espaços são projetados para que as mesas e banquetas fiquem ao centro da sala, mostrando que o foco são os estudantes, o que é destacado pelas luminárias de teto acima de suas cabeças. As bancadas com os materiais eletrônicos e os insumos de papelaria são alocados na parte periférica da sala, local a qual fica de fácil acesso, mas não tiram o foco do que é o mais importante ali – as ideias e criações dos alunos.

 

Educação Bilíngue e Metodologia Maker: Saiba como integrá-las

Educação Bilíngue e Metodologia Maker: Saiba como integrá-las

Há muito se fala no aprendizado de um segundo idioma no Brasil. Mas não faz tanto tempo assim que a Educação Bilíngue tem se destacado como uma forma muito eficaz de aprendizado, principalmente em função dos benefícios que vão além da aquisição de uma segunda língua.

Dentre os principais cenários, temos um mercado de trabalho que não vê mais a segunda língua como um diferencial. A aquisição de uma segunda língua passou a um lugar comum, sendo até o mínimo exigido para boa parte das vagas de profissionais do mercado. 

Outro caso é o aumento da oferta e da valorização das propostas bilíngues nas escolas. Mostrando como as crianças aprendem mais facilmente um segundo idioma sendo expostas desde cedo a ele. 

Em consequência, o domínio de um idioma estrangeiro, bem como os benefícios trazidos por ele ao indivíduo, trouxe um crescimento na busca dos pais por uma Educação Bilíngue de qualidade. Deste modo, as escolas têm buscado novas propostas, principalmente as que trouxessem novas experiências para os estudantes, como o caso de Metodologias Maker.

O que é educação bilíngue?

A Educação Bilíngue não possui uma definição concreta, e divide a opinião dos mais diversos linguistas e especialistas no assunto. Mas pode-se dizer que se dá pelo uso da língua materna e oficial do país, e de um idioma estrangeiro, em que o idioma  estrangeiro é integrado às outras matérias (como artes, matemática, história, etc) desenvolvendo-nas. Portanto, não se trata do ensino direto de um novo idioma, como se é estabelecido em um curso de idiomas, mas enquanto instrumento de desenvolvimento de conhecimentos diversos.

Cabe aqui também diferenciar o caso de escolas internacionais nas quais a proposta de uma educação bilíngue é diferente. O ponto principal, neste caso, é que as escolas internacionais utilizam um currículo estrangeiro, ou um currículo duplo (estrangeiro e nacional), além de estabelecer a língua estrangeira como oficial. Esse currículo traz conteúdos específicos do país em questão, como a sua história, geografia, além de disciplinas específicas, como por exemplo psicologia e planejamento de carreira, seguindo padrões e rotinas bem próximas às de instituições do exterior.

Nas propostas bilíngues o currículo seguido é o mesmo das demais escolas nacionais, seguindo as diretrizes do Ministério da Educação e utilizando uma língua estrangeira para as instruções e para os materiais pedagógicos, mas sem deixar de lado, ou restringir, o uso da língua materna aos estudantes. A predominância da segunda língua varia de acordo com a proposta bilíngue.

Para além do idioma, o bilinguismo, assim como as escolas internacionais, também traz a cultura de um país estrangeiro para o cotidiano da escola, onde os alunos passam a ter contato e absorver o idioma e a cultura de outro país em um ambiente imersivo. 

Quais os benefícios de uma Educação Bilíngue?

Estar envolvido em um ambiente de aprendizagem bilíngue desde cedo tem se mostrado muito eficaz em vários aspectos. Com o aluno aprendendo ativamente, em pares e sendo exposto a um ambiente favorável à aquisição de uma língua, o impacto de uma Educação Bilíngue se torna multidimensional, ou seja, permite abranger múltiplos aspectos da formação do indivíduo. 

Ao promover essas experiências, não se trata de dominar uma segunda língua, mas sim de aprender a pensar em dois idiomas de forma natural. Ao promover essas experiências de aprendizagem, a resposta dos estudantes acaba sendo muito mais ampla, propiciando o desenvolvimento de habilidades linguísticas, estimulando a criatividade e as funções cognitivas.

Qual o diferencial do Maker em conjunto com a Educação Bilíngue?

A Educação Maker contribui para o desenvolvimento das habilidades socioemocionais e cognitivas, como a empatia, a confiança, a responsabilidade, a autonomia, a reflexão, a articulação de conhecimentos, a experimentação e a criatividade.

Desta forma, o Maker incentiva os estudantes a serem ativos e a trazerem seus interesses. Assim, dedicam-se mais ao objeto de estudo, criando responsabilidade em relação ao seu aprendizado e ao se verem empoderados, eles desenvolvem autoconfiança. 

Tanto esta autoconfiança como a responsabilidade, a dedicação e a articulação de conhecimentos se somam dentro das propostas de Educação Bilíngue, potencializando o processo de aquisição da segunda língua.

Como a Little Maker trabalha integrada com a Educação Bilíngue?

Dentro da nossa metodologia,  trazemos vários elementos que levam os estudantes a uma imersão na segunda língua. Como disponibilizamos nossos programas em inglês, os professores têm acesso ao seu conteúdo, se preparando para como trabalhar durante as aulas levando uma aprendizagem significativa para os estudantes. O significativo vêm dos projetos autorais com o vínculo emocional afetivo dos estudantes com o projeto desenvolvido, partindo sempre do interesse dele. Isto se torna um facilitador para o processo de aprendizagem, além dos elementos presentes nas estruturas dos Programas da Little Maker.  

Dentre os elementos, destacamos abaixo três deles e como contribuem para potencializar a proposta de educação bilíngue das escolas.

Os Micromundos, que são a base dos nossos programas, desenvolvidos e pensados para cada faixa etária. Eles apresentam e envolvem os estudantes no local que será explorado e problematizado. A apresentação desse ambiente é feita toda em inglês, permitindo o exercício da escuta e interpretação, além de envolver os estudantes estimulando sua participação com ideias do seu repertório de ideias e, consequentemente, havendo uma troca entre eles com novos vocábulos.

Aprender fazendo

Ao longo desses Micromundos, os estudantes vivenciam o trabalho em equipe, além de momentos de compartilhamento do projeto com toda a turma. Desta maneira vivenciam a troca de ideias, técnicas, ferramentas e materiais, se expressando e articulando na segunda língua, ampliando o vocabulário, além de exercitar o ouvir, o falar e interagir na segunda língua, dentro de um momento rico.

O uso dos Materiais de Apoio ao longo dos projetos ajuda no desenvolvimento da escrita e da leitura, em que os alunos planejam, criam anotações e registros em inglês durante todo o processo de criação. Além do uso de Cards, fichas e sinalizações pelo espaço, ambientando os alunos no espaço já com a segunda língua.

Ajudando a  viabilizar todas essas experiências há o uso da Plataforma Significa, em que os estudantes registram todo o processo de desenvolvimento do projeto. A Plataforma está totalmente traduzida para o inglês, e os alunos se orientam por ela para registrar o processo por meio de fotos, gravações de voz e vídeos. 

Estes registros geram um portfólio digital das equipes, onde os professores, gestores e pais poderão acessar para acompanhar o desenvolvimento do estudante tanto na língua materna quanto na segunda língua, além dos indicadores gerados com base nas 10 competências gerais da BNCC e nas áreas de conhecimentos desenvolvidas.

Referências Bibliográficas

Como surgiu a Educação Maker no Brasil?

https://noticias.universia.com.br/educacao/noticia/2019/06/06/1164944/educacao-bilingue-brasil.html

JUCÁ, Ricardo W.. O ensino de inglês no ensino secundário brasileiro 1930-1945: novas metodologias. ANAIS do IX seminário Pedagogia em Debate, v. 01, p. 01-12, 2009.

MELLO, H. A. B.. Educação bilíngue: uma breve discussão. Horizontes (UnB), v. 9, p. 118-140, 2010.

MELLO, H. A. B.. A relação L1-L2 em um contexto escolar bilíngüe. Sínteses (UNICAMP. Online), Campinas – SP, v. 8, p. 231-243, 2004.

MELLO, H. A. B.. O Falar Bilíngüe. 1. ed. Goiânia: Editora UFG/CEGRAF, 1999. v. 1. 178p

OFELIA, Garcia. Bilingual Education in the 21st Century: A Global Perspective

MARK HATCH. The Maker Movement Manifesto: Rules for Innovation in the New World of Crafters, Hackers, and Tinkerers

Competências da BNCC e o Maker: Entenda a relação entre eles

Você sabia que existe uma relação entre as Competências da BNCC e o Maker?
Entenda agora a relação neste artigo.

Muito tem sido falado sobre as competências da BNCC, sobre as mudanças que ela traz para a educação de uma maneira geral, e da adaptação que as escolas fizeram, ou estão fazendo, para se adequar. Mas o que são as competências da BNCC? Quais são essas competências gerais? E outro ponto: Quais as relações do Maker com as competências? Como podemos usá-lo a favor da escola e da sua adaptação?

Para começarmos precisamos entender alguns pontos iniciais e básicos, como:

O que é a BNCC e qual a mudança para a educação brasileira?

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo, ou seja, que tem o intuito de estabelecer normas e diretrizes. A Base define um conjunto de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas da Educação Básica, tendo assegurado seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento de acordo com o Plano Nacional de Educação.

O documento traz uma grande mudança, em que as escolas devem assegurar aos estudantes uma formação humana integral (Educação Integral). Visando a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva (como fundamentado nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica).

Isso acarreta numa mudança no papel da escola, em que ela deixa de se preocupar só com o currículo e os conteúdos, mas passa também a se preocupar em assegurar o desenvolvimento de competências ao longo da jornada dos estudantes pela Educação Básica. 

Educação Integral não é o mesmo que Educação em Período Integral

É normal que haja essa confusão em um primeiro momento, mas são conceitos completamente diferentes. Ao falar em Educação Integral deve-se pensar no valor qualitativo da educação, na formação plena dos estudantes. Pensar em torná-los autônomos, capazes de realizar escolhas e desenvolver o seu projeto de vida.

A Constituição Federal brasileira reconhece a educação como direito fundamental compartilhado entre Estado, família e sociedade. Sendo assim, as famílias e o Estado têm o dever de educar suas crianças, jovens e adolescentes, promovendo e incentivando-os com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (Artigo 205 da Constituição Federal de 1988).

Partindo da informação acima, fica uma reflexão: prepara-se cidadãos qualificados, éticos, e humanos apenas com conteúdos? Com algumas pesquisas vemos que há muito além, sendo assim, é fundamental que as escolas contemplem a multidimensionalidade dos sujeitos, garantindo não só o desenvolvimento intelectual, mas também o social, emocional, físico e cultural.

Para essa formação do indivíduo, foram  definidas as competências da BNCC, sendo ao total dez competências gerais que devem ser asseguradas aos estudantes, e que se unem para compor os direitos de aprendizagem e desenvolvimento.

Mas o que são as Competências da BNCC?

No capítulo introdutório da Base, competência é definida como

a mobilização de conhecimento (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. (página 6, parágrafo 4)

Com esta definição, a Base reconhece que a educação deve estimular ações que contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a socialmente justa, humana e voltada para a preservação da natureza, se alinhando à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). 

As competências da BNCC se desdobram ao longo das três etapas da Educação Básica, se articulando na construção de conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores. Sendo assim, não basta que o estudante tenha determinado conhecimento, mas saiba articulá-lo e colocá-lo em prática, bem como saber enfrentar situações adversas, buscando soluções criativas e construtivas, além de outros exemplos.

Para consultar as competências gerais da BNCC, o site “Porvir” fez um infográfico explicativo de cada uma das dez competências gerais, das quais cito abaixo o título dado pelo Porvir e sua síntese. A versão completa com o infográfico pode ser acessada aqui

1 – Conhecimento: Valorizar e utilizar os conhecimentos sobre o mundo físico, social, cultural e digital. 

2 – Pensamento científico, crítico e criativo: Exercitar a curiosidade intelectual e utilizar as ciências com criticidade e criatividade.

3 – Repertório cultural: Valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais.

4 – Comunicação: Utilizar diferentes linguagens.

5 – Cultura digital: Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de forma crítica, significativa e ética.

6 – Trabalho e projeto de vida: Valorizar e apropriar-se de conhecimentos e experiências.

7 – Argumentação: Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis.

8 – Autoconhecimento e autocuidado: Conhecer-se, compreender-se na diversidade humana e apreciar-se.

9 – Empatia e cooperação: Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação.

10 – Responsabilidade e cidadania: Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação.  

Em resumo, a Base não propõe um currículo, mas competências e diretrizes comuns, dando abertura para a diversidade de currículos. Esta diversidade se dá, principalmente, pela grande diversidade dentro do território brasileiro, em que cada região poderá trazer elementos regionais incorporados ao currículo, e que estejam próximos à realidade regional dos estudantes. Principalmente se tratando das questões culturais.

Como a Educação Maker se relaciona às competências?

A Educação Maker vem se estabelecendo cada vez mais como uma proposta bem fundada, além de inovadora. Isso tendo em vista que ela tem dialogado com o Construtivismo e, ao longo do crescimento do Movimento Maker, do Construcionismo, que mantêm elementos comuns, como: foco na construção de conhecimento multidisciplinar, partindo da interação do aprendiz com o meio, e seguindo demandas cognitivas próprias para a construção do conhecimento. (Movimento Maker no Brasil)

Baseada nos valores do Movimento Maker, a Educação Maker incentiva e ajuda a sedimentar atitudes fundamentais para o desenvolvimento integral dos indivíduos, além das habilidades socioemocionais e cognitivas, como a empatia, a confiança, e a responsabilidade. Sendo assim, ela traz, por meio das atividades práticas, a vivência dos estudantes para sedimentar essas atitudes e habilidades.

Há também o desenvolvimento das relações interpessoais e da relação do indivíduo consigo mesmo. No ambiente em que ocorrem as propostas de atividade Maker, o estudante está ativo e se torna o protagonista do seu próprio aprendizado, desenvolvendo cada vez mais essa responsabilidade pelo todo: por si, pelos seus colegas, pelos ambiente escolar e seu patrimônio, e pelos seus projetos.

Como a Little Maker contribui com o desenvolvimento das Competências da BNCC?

Através desse panorama sobre a Base e as competências da BNCC, entendemos que ao levarmos o Maker para o ambiente escolar, incentivamos os estudantes  a serem ativos e a trazerem seus interesses ao idealizar e planejar projetos. Deste modo, se dedicam mais ao objeto de estudo, devido ao vínculo emocional afetivo estabelecido.

Ao longo de todo o processo, além de desenvolver as competências, o Programa da Little Maker sensibiliza, mobiliza e conecta os objetos de conhecimento. Tudo que foi vivenciado e desenvolvido pelos estudantes é resgatado e conectado aos objetos de conhecimento, sensibilizando os estudantes ao conectá-los aos projetos autorais, dos quais eles trouxeram seus interesses, se desafiaram e lidaram com diversas emoções ao longo do processo, tornando a aprendizagem significativa.

Os estudantes possuem alguns conhecimentos, mas com a demanda de alguns elementos do seu projeto autoral, é necessário buscar novos conhecimentos, colocando-os em prática para a execução do projeto, buscando soluções criativas ao longo do processo, principalmente para lidar com as situações adversas com que se deparam. 

Deste modo, o indivíduo se vê capaz de realizar transformações, de lidar com adversidades, de encontrar soluções, e passa a se sentir empoderado. Com o tempo, este empoderamento se internaliza, transbordando para diferentes âmbitos da vida do indivíduo, entre eles o ambiente escolar, no qual o estudante passa boa parte do seu dia aprendendo e se desenvolvendo.

Este empoderamento e a responsabilidade possibilitam ações que levam às transformações sociais e culturais, por meio do ambiente de exploração, construção e descoberta que guiam os estudantes ao aprendizado através de uma prática responsável do conhecimento adquirido, bem como o gosto pelo compartilhamento dos conhecimentos e das habilidades adquiridas.

Se você deseja saber mais sobre o Programa da Little Maker para as escolas, acesse aqui e entenda melhor como o nosso programa se integra ao currículo vigente das escolas, transformando o aprender e algo significativo para o aluno e colocando-o como protagonista do seu conhecimento.

 

Referências Bibliográficas:

FREITAS, Jessica A.P.; MACIEL, A. C. de M.. Cultura Maker na escola: aspectos gerais e sua relação com a Taxonomia de Bloom.

PACHECO, José. Inovar é assumir um compromisso ético com a educação.

https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/instituto-ayrton-senna-documento-ocde-traduzido.pdf?utm_source=site&utm_medium=pesquisas-estudos

http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/

https://educacaointegral.org.br/conceito/?gclid=CjwKCAjw3-bzBRBhEiwAgnnLCgYsSVUIOAdSzh5HB5CJpqRiTzn_qTrqo-gyJCRw1twlIKP8mkYmQRoCOUAQAvD_BwE

https://porvir.org/entenda-10-competencias-gerais-orientam-base-nacional-comum-curricular/

https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/

https://littlemaker.com.br/como-surgiu-a-educacao-maker-no-brasil/

Folha papel aprendizagem criativa

O que é Aprendizagem Criativa

A Aprendizagem Criativa defende o aprendizado como produto de um processo exploratório e é um conceito sustentado pelo grupo de pesquisa do MIT Lifelong Kindergarten, dirigido por Mitchel Resnick.

Uma das fontes de inspiração para a iniciativa foi a trajetória de Froebel, criador do jardim de infância. O autor afirma que essa fase é definitiva para a formação dos seres humanos e merece, portanto, atenção especial. Por isso observa-se grande diferença entre o jardim de infância e a escola propriamente dita.

Diferentemente dos demais sistemas de ensino comuns na vida acadêmica que seguem o modelo de transmissão de ensino, durante o jardim de infância o aprendizado é adquirido através de uma conduta ativa da criança ao interagir e se conectar com o mundo, algo que faz principalmente quando há propostas e possibilidades divertidas e envolventes.

Segundo Resnick, em seu livro Lifelong Kindergarten: Cultivating Creativity through Projects, Passion, Peers, and Play, “a aprendizagem baseada no estilo do jardim de infância é exatamente o que é preciso para ajudar as pessoas de todas as idades a desenvolver as capacidades criativas necessárias para prosperar na sociedade de hoje, que vive em constante mudança.”.

Com isso em mente, a Aprendizagem Criativa propõe um processo em que a exploração é a palavra chave. Esse processo parte da Espiral da Aprendizagem Criativa, que consiste nos momentos: Imagine, Crie, Brinque, Compartilhe e Reflita; cada uma dessas etapas traz um nível diferente de compreensão dos aprendizados (mesmo que a criança não perceba que está aprendendo!) e a cada vez que a espiral se repete, toda a bagagem e repertório anterior contribui para um processo ainda mais complexo.

Os Quatro Princípios da Aprendizagem Criativa

Ainda dentro dessa abordagem, encontramos os conceitos dos 4 Ps, princípios orientadores dentro da Aprendizagem Criativa. São eles:

Projetos: trabalhar com projetos permite às crianças mobilizarem diferentes áreas de conhecimento e interesses, exercitando habilidades que já possuem e desenvolvendo novas técnicas.

Paixão: ter espaço para trabalhar com seus próprios interesses incentiva as pessoas a dedicarem mais tempo a seus projetos, aprimorando-os cada vez mais e, durante esse processo, descobrindo novas paixões.

Pares: a ideia de trabalhar em pares pode ser exercida de formas muito variadas, desde a construção em conjunto de fato até trocas específicas de opiniões e experiências durante o processo e até mesmo compartilhando seu trabalho e recebendo feedbacks, o que pode resultar em mais aprendizado pelo trabalho colaborativo e em um projeto mais interessante do que o inicialmente imaginado..

Pensar brincando: acontece quando o ambiente de construção é envolvente, permitindo a exploração e também que os alunos errem e aprendam por meio das descobertas, tornando o processo ainda mais divertido.

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Como combinamos Aprendizagem Criativa e Significativa no Contexto Maker?

Na Little Maker, vinculamos os 4Ps a um projeto 100% autoral aplicando o conceito de Projeto em detrimento de uma transmissão vertical de informação entre aluno e professor, sendo esse baseado não apenas na construção mão-na-massa, mas em um processo de materialização da ideia oriunda dos interesses e demandas do aluno, – como um combustível para dedicação por ser uma temática pela qual tem Paixão, percorrendo trocas significativas entre colegas e professores, configurando trabalho entre Pares, seja em trocas momentâneas ou em construção compartilhada.

Dessa forma, o processo de criação torna-se divertido, exercitando o Pensar Brincando ao expor os jovens a uma condição de aprendizado em um ambiente envolvente.

Na Little Maker aplicamos os 4 P’s a um projeto completamente autoral onde o conceito de Projeto perpassa a transmissão de informação de modo horizontalizado e, não se detendo a construção mão-na-massa, acontece de acordo com a Paixão de cada indivíduo como combustível para a dedicação a cada projeto singular.

Através do trabalho em projetos os estudantes têm a oportunidade de trabalhar em Pares e potencializar suas ideias, aprendendo também a trabalhar em grupo e desenvolver habilidades socioemocionais. Dessa forma, o processo de criação, além de envolvente, torna-se divertido, exercitando o Pensar Brincando e expondo os jovens a um ambiente propício para um aprendizado que acontece organicamente.

A aplicação desses conceitos resulta em uma aprendizagem mais significativa que ajuda a desenvolver habilidades socioemocionais e relações interpessoais dos alunos, bem como permite ao jovem entender que é possível mobilizar os conhecimentos em prol de seus projetos e objetivos de vida.

Ter acesso a um espaço que traga esses valores e conceitos dentro de uma metodologia aplicada é extremamente empoderador e, conforme a criança atinge níveis mais profundos na espiral da aprendizagem criativa por percorrê-la diversas vezes, exercita o autoconhecimento, nutre seus interesses antigos ao passo que descobre novas paixões e se torna mais autônoma, desenvolvendo uma postura mais ativa em relação ao mundo.

criatividade na educação maker

Criatividade na Educação: O Exercício da Criatividade no Século XXI

Mudar a forma como olhamos para o mundo e agimos nele é uma demanda urgente.

Ela se encontra em pauta nas reuniões de cúpula, em movimentos sociais, em documentos como a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), especificamente no Brasil. A BNCC surge como forma de repensar a educação para que ela fique mais próxima dessas transformações sociais, formando o sujeito de modo integral e preparando estudantes para desafios futuros que estão além da escolarização.

Repensar os modelos atuais para ensinar indivíduos a lidar com um mundo em transformação não é apenas uma preocupação brasileira. O processo de repensar a educação tradicional é um movimento global e, dentro das competências e habilidades a serem desenvolvidas, a criatividade é uma das que mais tem chamado a atenção nos últimos anos, principalmente quando falamos em educação no Brasil.

Dentre as competências gerais da BNCC, alguns tópicos, como o Pensamento Científico, Crítico e Criativo e Trabalho e Projeto de Vida, que podem ser vistos na organização que o Porvir realizou, evidenciam que a educação brasileira está disposta a tomar rumos menos tradicionais valorizando a diversidade de saberes e vivências culturais, propondo a reflexão sobre o diferente, a análise crítica, a imaginação e a criatividade para formar indivíduos preparados para um mundo VUCA (acrônimo das palavras em inglês volatility, uncertainty, complexity e ambiguity), traduzido em português como um mundo “VICA” volátil, incerto, complexo e ambíguo.

Tendo em vista essas e outras novas demandas da vida em sociedade, tornou-se necessário voltar a atenção para questões que, apesar de já serem discutidas há algum tempo, nunca estiveram em uma posição de tanto destaque quanto agora. Entre elas, encontramos tópicos como a relação do indivíduo com o mundo, a educação integral que valoriza também as habilidades socioemocionais e a criatividade, temática na qual daremos enfoque nesse texto.

Como funciona a criatividade?

Criatividade não é sobre genialidade. Criatividade é sobre o contato com o diferente, usar caminhos incomuns, trabalhar em pares, ter um ambiente propício.

Fayga Ostrower, em seu livro Criatividade e Processos de Criação, desmistifica uma das maiores barreiras sobre a criatividade: a artista e autora tira o caráter puramente inconsciente, como se esta fosse uma inspiração súbita e inseparável da genialidade e entende a criatividade como o potencial humano, um exercício da liberdade imaginativa, mas também um reflexo do nosso contato com o que é externo a nós.

Corroborando com a tese de Ostrower na qual, para a autora, a criatividade é não só uma condição e exploração humana, mas um exercício social, David Eagleman, no documentário que estrela produzido pela Netflix Como o Cérebro Cria, tenta destrinchar a criatividade e a forma como ela acontece no cérebro. Partindo da pergunta “como o cérebro cria?”, Eagleman entrevista diferentes pessoas para entender diferentes tipos de processos criativos e percebe que combinar diferentes estímulos sem ser levado por respostas automáticas, ter contato com o pouco usual, criar repertório e estar aberto a críticas com diferentes experiências e olhares são formas de potencializar a criatividade e é não só o que nos ajuda a criar, mas também a sistematizar esses conteúdos aos quais fomos sensibilizados e abre o leque de caminhos pelo qual o indivíduo pode trilhar.

No livro Aqui Dentro encontramos, de forma simples, quais são as fases do ato criativo. São elas:

  • a preparação, onde o período de estudo e trabalho acontece de forma consciente;
  • a incubação, quando o período de trabalho é inconsciente e todo o estudo é decantado;
  • a inspiração, que acontece quando a incubação é bem sucedida, surgindo uma solução para o proposto inicial; e
  • a concretização, quando a inspiração é verificada e colocada em prática.

Essas quatro fases da criatividade conversam diretamente com os 4 princípios da aprendizagem criativa, uma abordagem que defende o aprendizado a partir um processo exploratório. Dessa forma, a aprendizagem criativa se mostra uma alternativa potenciadora para o exercício e desenvolvimento da criatividade na educação. Em especial, trabalhar em projetos por meio de parceria pode ser o diferencial dentro do processo criativo no ambiente escolar.

Criatividade aplicada à educação

O potencial criativo existe em todas as áreas do conhecimento e, além disso, a criatividade vem acompanhada por sentimentos de satisfação, inclusão em um grupo, bem estar emocional e saúde mental.

Sendo a criatividade uma forma de sistematizar conhecimentos e compreendê-los, exercitá-la é uma forma de aprender, construir laços e conhecer mais de si e do próprio processo de aprendizagem.

A sociedade contemporânea tem como desafio sua complexidade, mutabilidade e incerteza e é necessário saber adaptar-se, e essa flexibilidade é uma das características da criatividade na educação. Quando se tem contato com o outro tendemos a ter mais tolerância à ambiguidades e a aceitar desafios cada vez mais complexos.

O ensino tradicional brasileiro hoje ainda não se descobriu um campo fértil para o desenvolvimento da criatividade em toda sua capacidade, e isso pode minar parte fundamental da expressão do indivíduo. O ensino baseado em um conteúdo fechado não auxilia os estudantes a descobrirem as respostas por si e explorarem diferentes nuances do mesmo conteúdo, conseguindo olhar para ele por diferentes ângulos.

O apoio dos pares é fundamental para um ensino mais plural e diverso e expressar-se é também uma forma de ensinar autonomia.

Como a Little Maker trabalha a criatividade na educação?

Todos podem ser criativos. A criatividade é um hábito e, ao ser incentivada e valorizada, faz com que as crianças aprendam essa cultura desde pequenos e se tornem adultos confiantes, autossuficientes e capazes de criar no mundo a sua volta.

A Little Maker tem como objetivo sempre oferecer um chão baixo, para que todos possam começar a criar e aprender, sem serem impedidos de criar por não terem determinado conhecimento, falta de habilidade, domínio de uma técnica ou falta de ferramentas e possibilidades; um teto alto, para que todos tenham a possibilidade de crescer em seus projetos e se sentirem desafiados, e também não se sintam desinteressados quando superarem o nível de complexibilidade do que construíram; e paredes largas para que as possibilidades sejam amplas o suficiente para desenvolver a criatividade e curiosidade de cada indivíduo, seguindo, dessa forma inúmero caminhos diferentes, de acordo com os interesses de cada um.

Usamos de oficinas que incentivam os estudantes a desenvolver a criatividade, ajudando a formar pessoas cujas habilidades de inovar e empreender novos desafios sejam inerentes a sua curiosidade em todas as esferas da vida.

A criatividade é fazer escolhas onde os caminhos, ao invés de afinarem, se expandem em novas possibilidades e mostram que um mundo inteiro é possível. Conheça mais sobre nossa metodologia.

Saiba como ter uma Little Maker na sua escola.

Bibliografia

OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. 31º Edição. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1977.
ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de. Criatividade no contexto educacional: Três décadas de pesquisa. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, vol 23, pp. 045 – 049, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v23nspe/07.pdf
MINHÓS, Isabel; PEDROSA, Maria; MATOSO, Madalena. Aqui Dentro. São Paulo: Editora SESI, 2018.
Como o Cérebro Cria. Direção por Jennifer Beamish e Toby Trackman, roteiro por David Eagleman. Estados Unidos da América: Netflix, 2019. Acesso em 04 de fevereiro de 2020.
BAHIA, Sara; NOGUEIRA, Sara Ibérico. Entre a Teoria e a prática da Criatividade. In: VEIGA, Feliciano H. (org). Psicologia da Educação. Lisboa: Climpesi Editores, 2013. Disponível em https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/2721/1/entre-a-teoria-e-a-prática.pdf

Autonomia na educação: projeto autoral ajuda escolas a engajar alunos

Os pesquisadores Jal Mehta e Sarah Fine, da Universidade de Harvard e da High Graduate School of Education, respectivamente, se depararam com uma informação importante ao realizarem uma pesquisa com alunos do ensino médio. Para a maior parte dos estudantes, a insatisfação e o tédio estão presentes frequentemente.

No entanto, entre aqueles que se apresentavam como engajados e motivados, havia algo em comum: a participação em projetos criativos desenvolvidos em suas instituições de ensino.

Como manter estudantes motivados?

No Brasil, algumas escolas já têm aplicado uma metodologia para engajar alunos a partir de projetos autorais. A ideia central é oferecer mais autonomia para que cada estudante possa descobrir e experimentar suas próprias inclinações, o que pode se refletir também em suas decisões para a carreira que desejam seguir.

Nos métodos mais tradicionais de ensino, em que existe uma relação vertical entre professores e alunos, como evidenciou a pesquisa de Mehta e Fine, os alunos se mantêm mais afastados dos processos e, consequentemente, se envolvem menos.

O que é um projeto autoral?

Podem ser considerados projetos autorais desde a criação de uma pintura sobre tela até o desenvolvimento de um robô. Ou, seja, o projeto autoral é um projeto desenvolvido a partir das intenções do próprio aluno, através de seu percurso pela educação.

Isso faz com que o estudante esteja envolvido de alguma forma em todas as fases do processo de criação e execução, investigando e respondendo questões, desafios e problemas que possam aparecer.

Saiba mais sobre o Maker com projeto autoral para uma aprendizagem significativa

Little Maker: levando uma nova metodologia às escolas

Para Diego Thuler, fundador da Little Maker — que implementa essa metodologia em escolas — o conceito dos projetos autorais, além de oferecer mais autonomia, permite abordagens transdisciplinares, estimulando ainda o uso de diferentes ferramentas e conhecimentos.

“O processo permeia caminhos e alavanca conexões nem sempre previsíveis, colocando o aluno como alguém ativo em relação à aprendizagem”, diz.

A indecisão sobre qual carreira seguir, um problema que atinge 60% dos jovens que estão concluindo o ensino médio no país, de acordo com dados da Cedaspy Professional School (CPS), pode ser resolvida de maneira muito mais simples quando os estudantes já desempenham atividades de criação e pesquisa.

Os trabalhos autorais criam nos jovens uma noção melhor de autoconhecimento, uma vez que eles “aprendem fazendo” o que gostam ou o que não gostam.

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transdisciplinaridade e projeto maker

Transdisciplinaridade na educação, você sabe o que é?

A educação tem um papel fundamental na formação do sujeito por estar presente em sua vida desde seus anos iniciais. É necessário que a educação acompanhe as transformações da sociedade, para que possa preparar as crianças para vida de forma integrada com o mundo.

Tendo isso em vista, as práticas educacionais têm sido cada vez mais debatidas, buscando encontrar maneiras de alcançar a formação integral do indivíduo. Uma alternativa que tem ganhado cada vez mais espaços dentro dessas discussões e que merece atenção é a transdisciplinaridade, uma abordagem que propõe um novo modo de pensar e de se relacionar com o conhecimento.

Portanto, para entender melhor sobre a transdisciplinaridade, é interessante começar pelo esclarecimento e diferenciação entre esse e outros conceitos que estão interligados e muitas vezes acabam sendo confundidos: disciplinaridade, multidisciplinaridade e interdisciplinaridade.

Conceitos Básicos

Disciplinaridade: diz respeito aos campos de conhecimento que são compartimentalizados segundo uma visão cartesiana, buscando o aprofundamento em um conhecimento específico. Isso é feito a partir do isolamento do objeto ou conteúdo de seu ambiente para que possa ser estudado por si só, resultando no que conhecemos como matérias ou disciplinas escolares (língua portuguesa, matemática, história…).

Multidisciplinaridade: surge como uma tentativa de trabalhar mais de uma disciplina simultaneamente, mas é caracterizada por não propor reais interações entre os conteúdos, o que resulta em um trabalho muitas vezes sem significado. Nesta abordagem, um mesmo objeto de estudo é analisado a partir de diferentes óticas, cada uma pertencente a uma disciplina que contém seus próprios métodos, parâmetros e conceitos. Contudo, as disciplinas não se relacionam, não fazem trocas; dessa forma, não se cria novas percepções, apenas compartilham um mesmo ponto de partida.

Isso já é muito comum no contexto escolar: estuda-se na aula de História sobre a Primeira Guerra Mundial e sobre Expressionismo na aula de Artes, mas não é abordado, por exemplo, que esse movimento artístico e cultural foi motivado pelas consequências da 1ª GM. Dessa forma, não são estabelecidas, entre os conteúdos, relações que poderiam torná-los mais significativos ao colocá-los em um contexto mais amplo e conectado com o mundo

Interdisciplinaridade: propõe o intercâmbio de informações entre disciplinas, fazendo com que sejam integradas dentro de um contexto específico, como projetos escolares. O próprio prefixo “inter” já implica “reciprocidade”, evidenciando que essa estratégia necessariamente traz relações entre as disciplinas. Isso acontece principalmente de modo prático, partindo de um contexto no qual variadas óticas são necessárias para a resolução de um conflito, por exemplo. Nesse contexto, é comum que as disciplinas sejam trabalhadas de formas diferentes das quais estamos acostumados, com outro enfoque.

Usando como exemplo um projeto que traga o tema de sustentabilidade, um professor de matemática pode mobilizar os conteúdos a fim de calcular gastos mensais de água com dados trazidos pelos alunos; um professor de geografia pode abordar os impactos do desperdício de água em diferentes territórios ou períodos; um professor de língua portuguesa pode trabalhar as características de uma dissertação-argumentativa para que os alunos articulem os aprendizados ao longo do projeto… Enfim, observa-se ainda a existência de disciplinas, porém elas constroem relações entre si a partir de um mesmo tema, problemática ou iniciativa.

TRANSDISCIPLINARIDADE

Ultrapassando as limitações que as abordagens anteriores apresentam, a transdisciplinaridade procura transbordar as disciplinas e considera outras dimensões além da cognitiva ao trabalhar os conhecimentos. Dessa forma, propõe um aprendizado com espaço para intuição, emoções, sentimentos, formas de expressão… Tudo isso integrado com os conhecimentos propostos inicialmente pelas disciplinas, trabalhando então, de forma complementar e não antagônica à disciplinaridade.

A abordagem transdisciplinar adiciona uma camada mais profunda à relação entre diversas disciplinas ao combinar o âmbito cognitivo com as outras dimensões que perpassam o indivíduo, isso porque todas essas esferas funcionam de forma holística e não separadamente em momentos específicos do cotidiano.

Como o termo surgiu e foi consolidado?

O termo transdisciplinaridade foi citado inicialmente por Jean Piaget no I Seminário Internacional sobre Pluri e Interdisciplinaridade, realizado na Universidade de Nice (França), em 1970, ao propor a reflexão a respeito do tema. Mais tarde, em Arrábida (Portugal), no ano de 1994, a UNESCO produziu a Carta da Transdisciplinaridade durante o Primeiro Congresso Mundial da Transdisciplinaridade. Esse documento foi imprescindível para a definição do termo, pois discorre sobre questões que motivam o exercício da transdisciplinaridade e também sobre condições que caracterizam a abordagem.

Esse documento apresenta problemáticas como o desvinculamento das pessoas ao planeta,

  • o que impede que tenham um olhar mais humano sob os problemas, necessidades e conflitos, buscando apenas o resultado sem considerar as implicações desse;
  • um possível novo obscurantismo causado pela ruptura consigo mesmo devido a busca por conhecimento externo exacerbado em detrimento do autoconhecimento;
  • o aumento da desigualdade social por meio da desigualdade nos processos de aquisição de conhecimento.

Como esclarecimentos a respeito do termo transdisciplinaridade, é sempre enfatizado na Carta a necessidade de não reduzir ou simplificar realidades, contextos, opiniões, lógicas ou o próprio ser humano. Também não cabem quaisquer práticas que evitem o diálogo sobre possibilidades, pois o conhecimento deve ser construído de forma compartilhada e conjuntamente, sem uma hierarquização de posições dentro de um contexto de aprendizagem ou saberes.

Enfim, a abordagem transdisciplinar, por transbordar as fronteiras entre as disciplinas, integrando-as em um contexto multidimensional (no qual outros âmbitos, como emoções, sentimentos, intuição, autoconhecimento, estão envolvidos e têm papel crucial), não permite aprendizado descontextualizado e, consequentemente, também não permite simplificação ou subestimação de culturas ou realidades, motivando o respeito pelas diferenças e resguardando suas complexidades e riquezas.

Transdisciplinaridade e aprendizagem significativa

Ao propor um outro modo de construção do conhecimento, em que há uma interação mais direta entre professores e alunos, espaço para integração dos estudos com as vivências dos estudantes e outras realidades a serem pensadas, a transdisciplinaridade também colabora para uma aprendizagem mais significativa por colocar o aprendiz em uma posição ativa na qual exercita suas ideias e opiniões, além de sua habilidade de pesquisa e comunicação.

Isso ocorre porque o aprendiz, ao perceber que têm espaço para trazer suas opiniões e mobilizar os conhecimentos em prol de sua realidade ou interesses, se vê como peça importante para o aprendizado coletivo – o que de fato é, pois traz novas perspectivas a serem debatidas, renovando conteúdos que antes poderiam ser tratados como incontestáveis. Dessa forma, a conexão entre aprendiz e aprendizado se estabelece de forma afetuosa e resulta em uma sensação de pertencimento ao contexto em que está inserido, servindo como combustível para que se engaje cada vez mais.

Momento de Transição

É importante lembrar que uma aprendizagem pautada na transdisciplinaridade não é uma realidade majoritária. A educação tem passado por um processo de transição no qual caminhos para sanar as necessidades da sociedade atual têm sido percorridos, em alguns contextos mais vagarosamente e em outros já sendo vislumbrados ou até mesmo vividos.

É crucial reforçar que a transdisciplinaridade não prevê a exclusão das disciplinas, mas sim propõe complementar conhecimentos que já são adquiridos com o desenvolvimento de outras dimensões do sujeito. Combinados, todos esses fatores resultam em uma educação transformadora que preparará as crianças e jovens para que realmente pratiquem o autoconhecimento, tendo relações melhores com a sociedade em seus diferentes níveis de proximidade e para que entendam sua potência enquanto agentes transformadores, adotando uma postura mais responsável e integrada com o mundo em que habitam.

Como a Little Maker exercita a transdisciplinaridade?

Na busca para que a transdisciplinaridade ocorra de forma fluida dentro de oficinas Makers e do próprio espaço escolar, a Little Maker desenvolveu micromundos fundamentados na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que funcionam como disparadores para as criações de projetos autorais.

Em nossos programas possibilitamos que os limites disciplinares sejam transpostos por meio da criação. Dessa forma, tanto o aspecto cognitivo quanto o socioemocional são desenvolvidos contribuindo com uma formação integral do estudante, que passa a transitar entre diferentes aprendizados aproximando-os de seu cotidiano.

Para além dos próprios micromundos, o processo autoral e as reflexões propostas com o desenvolvimento dos projetos são caminhos que permitem que o estudante consiga enxergar seu aprendizado como parte de um todo, sem perder de vista as especificidades vinculadas a cada conhecimento específico. Assim, é possível conectar com o que é trabalhado em sala de aula e evidenciar a transdisciplinaridade como um elemento complementar na construção de uma aprendizagem mais significativa.

Conheça mais sobre nossa metodologia.

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Projeto Autoral Little Maker

Como surgiu a Educação Maker no Brasil?

Vivenciamos o crescente ingresso da Educação Maker nas escolas brasileiras, especialmente motivado pelas novas demandas de um mundo repleto de informações e constantes mudanças tecnológicas, somado à busca por metodologias ativas de aprendizagem. 

O surgimento da Educação Maker no Brasil está relacionado à Cultura e ao Movimento Maker. Porém, para que possamos acompanhar a evolução da Educação Maker aqui, é necessário entender os usos e origens desses três termos e as relações que estabelecem entre si: Movimento, Cultura e Educação Maker.

O MOVIMENTO MAKER

O movimento maker é baseado nos movimentos Do It Yourself (faça você mesmo) e Do It Together (façamos juntos), que incentivam as pessoas a fazerem pequenos reparos e construções domésticas com as próprias mãos, sozinhas ou em conjunto. Essas práticas promovem laços entre os indivíduos e reforçam a ideia de comunidade.

Assim, o Movimento Maker tornou-se tendência, impulsionado pelo acesso a novas tecnologias, também disponíveis a um público mais amplo. Na medida em que crescia, ele contribuía para o início da Cultura Maker.

A CULTURA MAKER

O principal marco é o The Maker Movement Manifesto, o Manifesto do Movimento Maker, de Mark Hatch (2013). O subtítulo, “Rules for Innovation in the New World of Crafters, Hackers, and Tinkerers” elenca valores fundamentais para a cultura Maker:

  • O termo craft tradicionalmente refere-se à ideia de criar ou fazer algo; também carrega a conotação de possuir uma habilidade ou um conhecimento específico;
  • Enquanto a palavra tinkers é derivada do termo tin (estanho), sendo historicamente utilizada para referir-se ao profissional que conserta, monta e desmonta objetos feitos de ligas metálicas, fazendo reparos e melhorias;
  • Além disso, a palavra hacker, indica aqueles que têm habilidades nas áreas de tecnologia e as usam para quebrar códigos e romper sistemas, inclusive para o bem!

A partir de então, tem início o que é a Cultura Maker: um conjunto de comportamentos, conhecimentos, valores, crenças e costumes que têm como base a ideia de que pessoas podem se envolver em projetos que as façam se sentir capazes de construir coisas novas, gerando seu empoderamento. 

Também dá espaço para o “aprender fazendo” e ao trabalho em equipe, pois ao compartilharem experiências umas com as outras, as pessoas constroem redes e apoiam-se mutuamente ao longo do processo.

A EDUCAÇÃO MAKER

Com o passar dos anos o Maker se aproxima da educação, gerando diferentes interpretações e adaptações de dinâmica. Assim, ganham destaque duas formas distintas de pensar a educação maker, uma com enfoque nas competências e habilidades desenvolvidas na criação e construção de projetos; e outra resumindo o maker às ferramentas e tecnologias de sua oficina.  

Este texto apresenta a Educação Maker cuja vertente é o desenvolvimento das competências e habilidades, por enxergar o grande potencial que essa abordagem traz ao ser conectada com grandes teorias da educação e com as demandas do século XXI. 

No contexto educacional, o Movimento Maker pode dialogar com as teorias construtivistas que partem de Jean Piaget, visto que compartilham o foco na construção de conhecimento multidisciplinar, partindo da interação e participação ativa do aprendiz com o meio, e seguindo as demandas cognitivas próprias relacionadas à fase de desenvolvimento pessoal na qual ele se encontra.

Uma corrente teórica que estabelece ainda mais relações entre Movimento e Educação Maker é o Construcionismo, elaborado por Seymour Papert, que também se preocupa com a questão do meio pelo qual a aprendizagem se dá. Um notório conceito apresentado por Papert ao longo de sua obra é o de Micromundo.

O Micromundo é um espaço de exploração que serve como ponto de partida para as criações das crianças. Pode ser elaborado de várias formas a partir de vertentes diferentes, sejam elas ferramentas ou contextos lúdicos ou reais, com articulação entre seus elementos de acordo com os interesses do aprendiz.

As teorias educacionais de Piaget e Papert tiveram papel essencial para que aplicar a Cultura Maker na educação pudesse ser entendido como uma possibilidade do processo de ensino aprendizagem

Assim, a Educação Maker apresentou-se como uma alternativa extremamente promissora quando comparada tanto com modelos tradicionais, quanto como proposta completamente inovadora.

Dessa forma, a Educação Maker:

  • incentiva atitudes importantes para a formação integral do indivíduo;
  • desenvolve habilidades socioemocionais e cognitivas que otimizam as relações interpessoais;
  • melhora a relação do estudante consigo mesmo; e
  • democratiza as formas de aprendizado.

Conheça algumas referências que serviram de base e/ou inspiração para construirmos, na Little Maker, uma metodologia rica e bem fundamentada, focada na educação integral e significativa para cada aprendiz.

CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO MAKER PARA AS ESCOLAS

As habilidades socioemocionais e cognitivas são reforçadas como prioridade pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular), documento no qual são apontados os princípios norteadores da educação básica brasileira. 

A Educação Maker contribui para o desenvolvimento dessas habilidades, tais como: empatia, engajamento em prol dos projetos de vida, confiança, responsabilidade, autonomia, reflexão, articulação de conhecimentos e experimentação, e criatividade.

Ao inserir o Maker no ambiente escolar, os estudantes são incentivados a colocar a mão na massa e a trazer seus interesses. Assim, dedicam-se mais ao objeto de estudo, criando responsabilidade em relação ao seu aprendizado. 

Ao se verem capazes de realizar transformações, eles desenvolvem autoconfiança. Com a prática, esse empoderamento é internalizado e transborda da escola para outros âmbitos da vida.

O Maker possibilita uma transformação social e cultural no modo como as crianças e jovens se relacionam com o cotidiano, com as práticas escolares e com as próprias tecnologias. 

A exploração, a construção e a descoberta atuam como territórios férteis para o aprendizado, que por sua vez, é atrelado ao uso responsável e democrático do conhecimento adquirido, contribuindo com a escola na formação integral do indivíduo.

Também por entender o próprio vínculo existente entre si e seu objeto de estudo, o estudante demonstra mais empatia, apoiando e ajudando de forma construtiva os demais.

O desenvolvimento dessas habilidades é estimulado, desde a educação infantil ao ensino médio, de forma constante e por meio de práticas e metodologia ativa, que reforçam sempre as atitudes e valores trabalhados na Educação Maker.

Entenda como o Programa da Little Maker e o Espaço Maker podem se integrar ao currículo de sua escola, possibilitando a aproximação entre matérias, cotidiano e as experiências de cada aprendiz, transformando o aprender em algo significativo e colocando o conhecimento em movimento!

Maker com projeto autoral para uma aprendizagem significativa

Qual a importância de um projeto 100% autoral?

Com a crescente do uso de metodologias ativas, muita atenção tem sido dada à ideia do protagonismo do aluno e seus benefícios na aprendizagem.

Um dos meios encontrados pelos educadores para trabalhar esse conceito é a criação de projeto autoral, pois quando os alunos trabalham em projetos que surgiram de suas próprias demandas e interesses a conexão estabelecida durante a sua elaboração é nítida.

Ter espaço para trazer questões importantes para si faz com que o aluno tenha um engajamento muito maior e consiga enxergar a temática proposta a partir de uma outra perspectiva: a prática.

Perceber que o projeto que está realizando tem tudo a ver com diversas matérias que vê em sala de aula e, além disso, com algo que vivencia no mundo é fascinante!

Conexão e Interdisciplinaridade

A partir do momento em que o aluno se conecta com um assunto, ele realmente aprende sobre não só uma, mas diversas áreas de conhecimento de forma interligada.

Saberes que se encontram e articulam-se em prol daquela ideia, incentivando-os a explorar e fazer novas descobertas, transformando o processo em algo significativo.

Ao darmos espaço para que os alunos sejam autores dos próprios projetos, incentivamos sua criatividade e permitimos que tragam aquilo que é importante e significativo para eles. Além disso, há na liberdade do projeto autoral um comprometimento com responsabilidade na procura por informações e habilidades necessárias para a concretização de sua criação.

O processo permeia caminhos e alavanca conexões nem sempre previsíveis, colocando o aluno como alguém ativo em relação a aprendizagem.

Projeto Little Maker

Projeto de captação de água para oferecer para os animais.

Com isso, tanto a autonomia e responsabilidade são exercitadas, pois o jovem se torna protagonista do que desenvolve, quanto as habilidades socioemocionais e relações interpessoais são desenvolvidas ao longo do processo, por meio de erros, acertos, descobertas…

Trabalhar com projetos autorais também ajuda o jovem a desenvolver confiança sobre suas ideias e seus conhecimentos, reconhecendo que suas ideias importam e têm valor, e consequentemente as dos outros também, e que todos têm algo a ensinar, e sempre há algo novo para aprender.

Aprendizagem Significativa

O projeto 100% autoral é ainda mais significativo pois não traz a construção mão na massa por si só, assim como um meio do aluno poder trazer seus próprios referenciais e, por meio da concretização de suas ideias durante um processo muito rico de trocas e buscas voltados ao que lhe interessa, entender que é possível mobilizar o conhecimento em prol de seus objetivos.

Unificando, então, projetos desenvolvidos em sala de aula com seus projetos de vida, sendo uma prática que chega a um nível ainda mais profundo de conexão entre o aluno, a matéria, o mundo e sua própria vida e interesses.

David Ausubel, em Aquisição e Retenção de Conhecimentos: Uma Perspectiva Cognitiva, coloca que o conhecimento é um produto de um processo cognitivo que envolve a interação entre as ideias anteriores do aluno e ideias cultural e logicamente significativas para ele. Assim, o conhecimento é, por definição, significativo.

Interação entre os Saberes

Os projetos autorais permitem exatamente essa interação entre os saberes e conceitos trazidos pelo jovem e conhecimentos disciplinares ou estruturados aos quais ele ainda não teve acesso, por isso são uma forma importante de realização prática dos princípios de Aprendizagem Significativa.

A aplicação desses conceitos resulta em uma aprendizagem mais significativa que ajuda a desenvolver habilidades socioemocionais e relações interpessoais dos alunos, bem como permite ao jovem entender que é possível mobilizar os conhecimentos em prol de seus projetos e objetivos de vida.

Ter acesso a um espaço que traga esses valores e conceitos dentro de uma metodologia aplicada é extremamente empoderador. Não há como prever como vai ser o processo do projeto autoral de cada aluno por ser uma trajetória bastante pessoal e autônoma, então é sempre uma ótima oportunidade para ver conhecimentos jamais imaginados juntos mobilizados de formas fascinantes e inovadoras.

Isso permite aos outros alunos da sala ver, ao serem apresentados aos projetos de seus colegas, tais áreas a partir de outro ponto de vista, se interessando e refletindo sobre assuntos e universos inteiros que não pensariam em um primeiro momento.

Nós da Little Maker

O programa que desenvolvemos, ao utilizar temas lúdicos, incentiva que o professor instigue a imaginação do aluno e permita que este consiga trazer seus referenciais na construção de seus projetos, dando subsídio para que o professor entenda a visão de cada criança sobre o assunto trabalhado.

A partir desse entendimento, o professor pode trabalhar a construção e desconstrução de conceitos e paradigmas, além da sensibilização do aprendizado através da problematização deste espaço em seus aspectos sociais, culturais, tecnológicos e científicos.

Esse engajamento gera um empenho por parte do aluno no aprofundamento deste conhecimento nas disciplinas escolares, conforme suas expertises, referenciais e processos. Entendemos que os projetos significativos trazem uma grande oportunidade de desdobramentos e incorporação nas atividades de aprofundamento.

A autoria do aluno também contribui com as atividades disciplinares da escola por ser um meio no qual o professor pode observar a visão e os referenciais de cada criança sobre o assunto trabalhado. A partir desse entendimento, ele pode auxiliar as crianças na construção e desconstrução de conceitos e paradigmas.

Outro movimento interessante de se observar é que estes desdobramentos retornam à oficina nos próximos projetos. Quando o professor de sala aguça o olhar para novas perspectivas, elas são retomadas e abordadas com mais consciência pelos alunos nas próximas construções, construindo um canal de ligação e retroalimentação oficina – sala de aula riquíssimo para o aprendizado significativo. Saiba como ter uma Little Maker na sua escola, clique aqui.

Aprender a aprender e aprender a fazer

Acreditamos que trabalhar com projetos 100% autorais é uma forma de permitir aos alunos a expressão de quem são e tudo o que lhes interessa, pois dá espaço para o empoderamento e protagonismo deste aluno, ao mesmo tempo em que agrega em sua bagagem e repertório à responsabilidade atrelada ao aprender e ensinar.

Com isso, é notável a conexão estabelecida entre o projeto e seu idealizador, desdobrando essa conexão para entender a importância e vínculo afetivo existente no processo, exercitando a empatia em relação aos demais projetos e processos  ao se identificar com as dificuldades, soluções, dedicação e aprendizagens. 

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